DGS assegura que país está “inteiramente preparado” para casos de ébola

Análises laboratoriais afastaram suspeitas em português regressado recentemente da Libéria.

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O surto começou na Guiné-Conacri e a doença é mortal em 90% dos casos SEYLLOU/AFP

Apesar de as análises laboratoriais terem afastado a hipótese de um português que esteve recentemente na Libéria ter sido infectado pelo vírus do ébola, o director-geral da Saúde garantiu que o país está “inteiramente preparado” para lidar com futuros casos da doença e que as instituições de saúde sabem como proceder para isolar o doente.

Francisco George, que falava aos jornalistas nesta segunda-feira à margem das comemorações do Dia Mundial da Saúde, que decorreu na Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), em Lisboa, adiantou que o caso do português que regressou da Libéria “foi a única situação que impôs estudos especializados”, com análises realizadas no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) tem estado “atenta e articulada” com os serviços de saúde, reforçou George, acrescentando que a preocupação está sobretudo relacionada “com a facilidade em viajar” que hoje existe e que permite que a Portugal possam chegar pessoas infectadas no espaço de poucas horas. “Desde o início do alerta da Organização Mundial da Saúde que dissemos a todas as regiões do país para estarem preparadas para a eventualidade de um doente que tenha estado nas últimas três semanas nas zonas onde o vírus está em actividade”, disse, lembrando que a Guiné-Conacri, onde o surto do vírus do ébola já fez 86 vítimas mortais, juntamente com a Libéria e “regiões limítrofes” são agora o principal foco de preocupação.

A DGS tem também pronto um “plano” para lidar com eventuais casos de confirmação da doença, assegurou George, explicando que tanto nos aeroportos como nos serviços de saúde existem informações sobre como actuar em casos suspeitos. “As normas dizem que o doente deve ser isolado e que devem avisar a DGS desse acontecimento”, explicitou. Francisco George deu como exemplo de um caso bem-sucedido o surto de dengue que afectou a Madeira em 2012, garantindo que de momento o arquipélago já só tem casos importados. Uma informação que foi também salientada pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, que sublinhou a "descida a pique" possível, afirmou, com o trabalho das autoridades de saúde.

Aliás, o Dia Mundial da Saúde foi precisamente dedicado ao tema “Pequena Picada, Grande Ameaça”, com intervenções relacionadas com as doenças transmitidas por vectores como a malária, dengue ou febre-amarela – que a Organização Mundial da Saúde considera que colocam metade da população mundial em risco.

Transmissão facilitada pelas viagens
“Apesar de estas doenças ocorrerem habitualmente em áreas tropicais e subtropicais (ou em locais em que o acesso à água potável ou o saneamento básico possam constituir um problema), nos últimos anos tem-se assistido à sua disseminação para outras áreas geográficas. Esta propagação pode ser facilitada por vários factores, nomeadamente o aumento das viagens e do comércio internacional”, referia o comunicado do Ministério da Saúde a propósito do dia e no qual recordava que a possibilidade de chegada destas doenças à Europa ganhou expressão em 2012 na Madeira.

O vírus, que foi identificado pela primeira vez na década de 1970 no Zaire (actual República Democrática do Congo) e no Sudão, transmite-se directamente pelo contacto com o sangue, fluidos ou tecidos corporais de pessoas e animais que estejam infectados e é mortal em 90% dos casos. A doença começa por provocar nas vítimas sintomas semelhantes aos da gripe: mal-estar geral, febre e dores de cabeça. A seguir surgem sintomas mais graves, como vómitos, erupções cutâneas, diarreia hemorrágica.

Na quinta-feira, o Mali confirmou que chegaram ao país os primeiros casos suspeitos de febre hemorrágica viral no país, depois da Libéria e da Serra Leoa. A organização não governamental Médicos sem Fronteiras, que se encontra a trabalhar na Guiné-Conacri, fala já numa “epidemia sem precedentes, até porque o vírus identificado é da estirpe mais mortal entre as cinco que causam o ébola e nunca antes tinha sido detectada na África Ocidental.

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