É quase isso: Frederico Mercúrio, vocalista dos "Rainha"

E se Freddie Mercury fosse português? Uma ideia que ganha uma considerável consistência, aquando da terceira análise. A parvoíce, essa, mantém-se constante

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Freddie Mercury em Wembley

Noutro dia, eu e um amigo estávamos a ver o concerto dos Queen, em Wembley, quando ele fez uma reflexão que, numa primeira análise, parecia estúpida. Numa segunda análise, também, mas, à terceira, pareceu assaz pertinente. Não avancei para uma quarta análise, porque temi que fosse voltar à estupidez.

“O Freddie Mercury era português.”

Sim, isto foi dito sem qualquer tipo de hesitação, como Galileu disse, certo dia, “e pur si mouve”, o que, como toda a gente sabe, quer dizer, em estrangeiro, “vocês dão-me vontade de rir, porque são umas bestas que não sabem que a Terra efectua um movimento de translacção em torno do Sol”. Vamos aos argumentos do meu amigo.

“O Freddie Mercury tinha um bigode tipicamente português.”

É verdade. Com um bigode daqueles, só podia ser português ou iraniano. Se fosse iraniano, não teria uma banda chamada “Queen”, mas talvez “Ayatollah”.

“O Freddie Mercury usava t-shirt caveada e corrente de ouro ao pescoço.”

Parece que estou a imaginar Freddie Mercury a preparar bifanas, enquanto via futebol, com um pano aos quadradinhos ao ombro e uma cerveja ao lado. Ciclicamente, cuspiria para o chão e coçaria os testículos (por vezes, fá-lo-ia em simultâneo). Quanto ao seu clube, poderão surgir divergências: o bigode, a t-shirt e a corrente apontam claramente para o Benfica, mas os portistas poderão contestar a ideia, uma vez que os Queen cantavam “We Are the Champions”.

Freddie poderia ter sido jogador de futebol, nos anos 80, já que todos os jogadores tinham bigode. Era uma época em que havia uma mais intensa portugalidade no futebol português. Naquele tempo, um jogador tinha restos de comida no bigode e pêlos no peito. Hoje, o nosso melhor jogador tenta combater a oleosidade no cabelo. Mas aplica-lhe carradas de gel.

“O Freddie Mercury dançava como um latino.”

É verdade. Aquilo é charme do sul da Europa. Quem já viu ingleses a dançar (ou a jogar futebol), sabe que eles não têm aqueles “moves”.

Eu acredito que estejamos a falar de Frederico Mercúrio. “Freddie Mercury” era nome artístico, como “Toy”, “Ruth Marlene” ou “Jorge Jesus”. Se não tivesse fingido ser inglês, Frederico Mercúrio poderia ter imortalizado temas como “Uma Espécie de Magia”, “Debaixo de Pressão” ou “Nós Somos os Campeões”. Poderia ter rivalizado com Marco Paulo, embora não seja fácil lutar contra o intérprete de um tema como “Taras e Manias”.

Numa quarta análise à ideia do meu amigo, acho tudo isto uma estupidez.

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