Dogs’ Wish: um spa para cães

A loja especializada em dietas caseiras “raw” para cães e gatos abriu um novo espaço clínico e estético para os animais de estimação, onde ir ao veterinário “não tem de ser um castigo”

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João Cordeiro

O espaço da loja Dogs’ Wish em Telheiras, Lisboa, já era pequeno para acolher os cães e os respectivos donos que, aos sábados, se costumam juntar para partilhar conhecimentos e experiências, ou simplesmente para conviver. Durante os últimos quatro anos, a loja foi crescendo e encheu-se dos mais variados objectos, desde coleiras, peitorais, brinquedos, a pequena boutique, e a própria cozinha improvisada, logo à entrada. Quando o estabelecimento ali ao lado ficou desocupado, há cerca de dois meses, Catarina aproveitou a oportunidade, e criou um spa canino. 

“Queria um espaço de consultório, mas que não fosse clínica. Seria uma espécie de médico de família, que os animais visitam quando não estão propriamente doentes”, explica Catarina Luz, que desistiu da medicina veterinária e arrancou com o projecto da Dogs’ Wish, há cerca de quatro anos.

O objectivo era evitar o ambiente triste e pesado dos hospitais e clínicas. “Grande parte das vezes que se vai ao veterinário é para consultas e tratamentos de rotina. Pensei em criar um espaço onde os animais não precisam de se vacinar ou desparasitar num sítio onde há pessoas realmente tristes e cães realmente em sofrimento”, explica ao P3. A formação como veterinária permite a Catarina fazer a assistência necessária. E os conhecimentos que tem na área abriram portas aos protocolos com vários hospitais e às recomendações que pode fazer de médicos e clínicas para as situações “mais complicadas”.

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Banhos “self-service”

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Ao entrarmos no espaço, ainda cheira a novo. A ideia de Catarina foi repentina e as obras foram realizadas em tempo recorde. Mesmo assim, tudo foi feito a pensar no conforto e no melhor acolhimento possíveis dos animais. Maria, a pequena pug que se tornou numa emblemática mascote da loja, não parece muito impressionada com estas novas funcionalidades e está irrequieta naquele que é o banho de estreia deste spa.

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“Tentámos aliar os cuidados permanentes que se deve ter com um cão e o conforto. Por exemplo, se calhar há pessoas que não dão tantos banhos ao cão em casa porque não têm condições para os lavar e secar como nós temos aqui”. Para além do serviço de banho e tosquia disponível, que pode incluir cuidados estéticos, os donos têm a possibilidade de optar pelos banhos “self-service” “num espaço confortável, arejado e com equipamento necessário”. 

Na divisória onde se fazem as tosquias e a parte estética, está uma ilustração de um caniche com “um novo look” e alguns traços característicos de David Bowie. A tinta das paredes ainda está fresca, mas as várias caricaturas e desenhos ilustrativos que fazem alusão ao mundo animal e que se espalham pelos diferentes espaços da loja contribuem para o principal objectivo: “tornar o espaço da tosquia um local mais luminoso e mais visível. Normalmente as salas de tosquia são salinhas apertadas onde nem se consegue ver. Aqui o espaço é amplo e tudo é visível”. Tão amplo que, enquanto aguardam pela sua vez, os cães poderão esperar, dentro de um pequeno parque com brinquedos e pneus.

“Um cão sabe bem o que quer”

Para ajudar Catarina Luz na gestão deste novo espaço está Filipa Figueiredo, enfermeira veterinária. Para além dos banhos “self-service”, o novo membro desta equipa destaca que “a prioridade são os cuidados básicos de saúde e todo o acompanhamento do animal ao longo da vida, ao nível do maneio e outros pequenos problemas, como otites, problemas de pele, vacinações ou desparasitações, por exemplo”.

Na opinião da enfermeira que é também especialista em banhos e tosquias, as pessoas são cada vez “mais conscienciosas, já olham para o animal como um elemento da família e por isso estão dispostas a gastar o que for necessário para lhe dar todas as condições para que o animal cresça saudável e feliz”.

Foi assim que começou a própria história da Dogs’ Wish, uma loja inicialmente especializada em alimentação. Enquanto ainda trabalhava num hospital como veterinária, Catarina Luz focou-se na área da nutrição e chegou à conclusão de que “uma grande percentagem dos problemas que há na saúde dos animais se deve à alimentação excessivamente processada”. A experiência no consultório e as pesquisas que foi fazendo levaram-na à dieta BARF (Biologically Appropriate Raw Food), que imita aquela que foi a alimentação dos antepassados dos cães e da própria sub-espécie durante a evolução, e por isso de mais fácil digestão. “Os veterinários estão bastante formatados a recomendar a ração e nem sequer pensam muito no assunto”, explica.

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