NSA fez espionagem à empresa de telecomunicações chinesa Huawei
Documentos secretos dados por Edward Snowden a jornal norte-americano New York Times e a jornal alemão Der Spiegel revelam o interesse que Estados Unidos tinham na Huawei.
A NSA entrou nos servidores da Huawei, e acedeu aos arquivos de correio electrónico, às comunicações entre altos funcionários da empresa e documentos internos, e até mesmo a códigos secretos dos produtos da companhia, revelam informações baseadas em documentos fornecidos pelo ex-analista informático Edward Snowden.
"Actualmente temos tão bons acessos e tanta informação que não sabemos exactamente o que fazer com isso", diz um documento interno citado pelo Der Spiegel.
A Huawei tinha desmentido em meados de Janeiro informações publicadas na imprensa segundo as quais a segurança dos seus equipamentos de telecomunicações pudessem ter sido alvo da NSA.
Fundada em 1987 por um antigo engenheiro do exército chinês, a Huawei tem sido impedida de participar em projectos de infra-estruturas nos Estados Unidos e na Austrália por alegados motivos de segurança, com base em receios de que os seus equipamentos sejam utilizados para espionagem ou ataques informáticos em benefício de Pequim.
Esta potencial ameaça à segurança por alegada ligação ao Governo chinês é, no entanto, negada pelas autoridades de Pequim.
Baseada em Shenzhen, a Huawei é uma das empresas líderes mundiais no fornecimento de equipamentos e a terceira maior vendedora de smartphones.
Um dos objectivos da operação baptizada "Shotgiant" era localizar possíveis ligações entre a Huawei e o exército chinês, segundo um documento datado de 2010. Os planos foram entretanto alargados e passavam também por explorar a tecnologia da empresa para poder controlar as comunicações nos seus aparelhos exportados para países terceiros, segundo o New York Times.
"Muitos dos nossos alvos comunicam através de produtos fabricados pela Huawei", refere o documento da NSA citado pelo New York Times. "Queremos garantir que sabemos explorar estes produtos", acrescenta o texto, para "ganhar acesso a redes de interesse" em todo o mundo.
Os Estados Unidos têm acusado, frequentemente, a China de actos de ciberespionagem e de roubo de dados a empresas norte-americanas.