Ordenados do Banco de Fomento denunciam natureza de classe do Governo, acusa Jerónimo de Sousa
“É inaceitável, eu diria que é chocante para muitos portugueses que viram os seus salários cortados, que são de mil euros, 900 euros ou 600 euros, que por razões directas de impostos ou de cortes verificam o seu salário cada vez mais a valer menos”, afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, à margem de uma cerimónia de homenagem a Óscar Lopes, que decorreu em Matosinhos.
O Correio da Manhã noticia este sábado que o presidente da comissão instaladora da IFD, conhecida como banco do fomento, vai ganhar 13.500 euros por mês. O despacho assinado pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que fixa o ordenado de Paulo Pereira da Silva (administrador do BCP) foi publicado na sexta-feira em Diário da República.
De acordo com o despacho, à vogal Carla Chousal (vice presidente do BPI Gestão de Ativos) é atribuído um vencimento de 12.515 euros e ao vogal Nuno Ferreira Soares (diretor da banca de investimento do BCP) 8.034 euros.
“E depois vem o Governo, que está sempre a falar de que os sacrifícios são para todos, de que há uma equidade de sacríficos, e vem um administrador de um banco a ganhar 13.500 euros por mês”, criticou Jerónimo de Sousa.
O dirigente comunista questionou “como não se sentirá um trabalhador a quem negam o aumento do salário mínimo nacional ao ouvir este número, fica ou não chocado ?”.
Na cerimónia evocativa ao professor e investigador Óscar Lopes, Jerónimo de Sousa voltou a atacar as políticas do Governo, afirmando que a actual situação do país “torna necessária a mais ampla convergência e unidade de todos os democratas e patriotas, de quantos se não conformam com o rumo de empobrecimento e ruína económica em que quase 37 anos de política de direita e de submissão ao imperialismo mergulharam o país”.
“Empobrecimento e ruína que se ampliaram de forma dramática nos últimos três anos de intervenção estrangeira do FMI, UE e BCE com a activa conivência dos partidos da ‘troika’ nacional e que teve no actual Governo do país o mais zeloso executor”, acrescentou.
Para Jerónimo de Sousa, “a vida já mostrou que não há solução possível sem libertar Portugal do espartilho das políticas que tornam os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, que esbulham o povo do património público para o entregar ao grande capital nacional e estrangeiro”, disse.