Faço parte de uma geração em que o râguebi do Benfica é sinónimo do Carlos Nobre.
Lembro-me como todos nós mal acabávamos as nossas aulas no princípio dos anos 90, íamos para o velho Estádio da Luz e para a nossa secção algumas horas antes do treino, jogar matraquilhos, futebol, etc.... E já lá estava o Carlos Nobre sentado na sua cadeira, a fazer os seus papelinhos, os seus contactos telefónicos, a tratar dos “nossos assuntos”.
Lembro-me da sua presença sempre constante, nos Juvenis, nos Juniores, nos Seniores e de todo o apoio que nos dava.
Lembro-me dos seus ensinamentos, de nos dizer “nunca ter feito um ‘avant’” e da cola “Pica Pau” quando passávamos umas bolas para os joelhos para ver se as deixava cair...
Lembro-me de o tratarmos carinhosamente por “Engenheiro” a partir do momento em que “recebeu esse seu diploma” por parte de um vice-presidente do Benfica.
Lembro-me de algumas derrotas, mas acima de tudo das vitórias, como aquela em Valladolid, em 2001, para a Taça Ibérica, com uma equipa só de portugueses!
Neste dia, lembro-me também de alguns amigos que fomos perdendo no nosso caminho e que hoje também recordamos com imensa saudade: o Filipe Sá, o Jorge Magalhães e o Rodrigo Matias.
A minha geração, hoje Homens, deve um pouco ao que o râguebi do Benfica e o Carlos Nobre nos ensinaram, mas muito aos princípios e valores que ele nos incutiu e transmitiu durante a sua vida.
Não posso deixar de lembrar a imensa sorte que alguns de nós tivemos há quinze dias, em Paris, para assistir aos jogos que ele tanto gostava, nos sentarmos à mesa do almoço, recordarmos o passado, contarmos histórias, e de agradecermos com um beijo na testa, tudo o que por nós tinha feito e nos permitir passados estes anos todos estarmos ali, como uma verdadeira família.
Se hoje somos uma verdadeira família a ele, Carlos Nobre, também muito o devemos. Fazendo “nossas” as palavras do Bruno Conceição: “Hoje cada vez que penso em râguebi, há uma lágrima que insiste em cair!!! Adeus amigo, adeus treinador, adeus presidente, adeus professor da vida, adeus companheiro e muito obrigado por tudo o que me deste a mim e aos meus amigos!!!"
E quando o nosso Benfica Rugby, mais tarde ou mais cedo, regressar ao seu lugar de direito, algo pelo que qual sempre batalhou, lá estaremos para homenageá-lo e honrar a sua memória!
Ontem sofremos a nossa placagem mais dura a qual não contávamos.
Obrigado por tudo, Carlos Nobre.