Obama reuniu-se com Mark Zuckerberg e Eric Schmidt para os acalmar por causa da recolha de dados
Presidente dos Estados Unidos quis acalmar grandes empresas de tecnologia informando sobre uma reforma na recolha de dados. Fundador do Facebook diz que não é suficiente.
A reunião iniciou-se por volta das 20h (hora de Lisboa) e terminou duas horas depois. Na reunião, esteve Eric Schmidt, presidente não-executivo do Google, o maior motor de busca da Internet; Mark Zuckerberg, director-executivo do Facebook; Reed Hastings, director-executivo do Netflix Inx, um serviço de vídeo em streaming. Outros participantes da reunião foram Aaron Levie e Drew Houston, directores-executivos de dois serviços de armazenamento de informação e partilha de ficheiros, a Box e a Dropbox; e Alex Karp, director-executivo do Palantir Technologies, uma empresa de exploração de dados, financiada pela CIA.
Entre os clientes da Palantir Technologies está a Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês), cuja actividade de recolha de informação digital tem sido o centro das atenções desde que Edward Snowden forneceu informação secreta a alguns órgãos de comunicação social como o jornal britânico The Guardian ou o norte-americano Washington Post.
Barack Obama procurou assegurar aos empresários que a administração dos Estados Unidos está a trabalhar numa reforma da recolha de informações pessoais, depois das reacções de condenação ao Governo norte-americano quando se ficou a conhecer a magnitude desta actividade.
Na semana passada, o Washington Post noticiou que os Estados Unidos estão a gravar “100%” das chamadas telefónicas feitas num outro país. A informação foi obtida a partir de documentos secretos fornecidos por Edward Snowden. O nome do país em questão não foi revelado.
“O Presidente repetiu que a administração está comprometida a dar passos para que as pessoas possam ter mais confiança de que os seus direitos estão a ser protegidos, enquanto preservamos instrumentos importantes que nos mantêm seguros”, declarou a Casa Branca.
Mas Mark Zuckerberg, que já tinha criticado publicamente as práticas do Executivo, disse que era necessário fazer mais. “Apesar de o Governo dos Estados Unidos ter dado passos que ajudam a uma reforma das práticas de vigilância, isto não é suficiente”, referiu um porta-voz do director-executivo do Facebook. “As pessoas em todo o mundo merecem saber que a sua informação é segura e o Facebook vai continuar a insistir com o Governo norte-americano para ser mais transparente em relação às suas práticas e mais protector das liberdades individuais.”
Em Janeiro, o Presidente dos Estados Unidos delineou algumas reformas em relação à forma como a NSA recolhe os dados: baniu a espionagem dos líderes de nações aliadas e propôs algumas mudanças na forma como os dados telefónicos dos norte-americanos são tratados. Está marcada para o próximo dia 28 a reautorização do programa de recolha de informação mais abrangente – os meta-dados das ligações telefónicas. Antes do final do prazo, Barack Obama pediu ao procurador-geral Eric Holder e à comunidade dos Estados Unidos dedicada aos assuntos de recolha de dados e informação para o aconselharem como é que seria possível preservar a capacidade do programa sem que o Governo ficasse na posse daqueles meta-dados.
Uma fonte da indústria disse que o convite para a reunião desta sexta-feira foi recebido no passado dia 15, dois dias depois de Zuckerberg criticar duramente os serviços de vigilância dos Estados Unidos em declarações escritas no Facebook, lidas por muitas pessoas. “Falei com o Presidente Obama para expressar a minha frustração em relação aos danos que o Governo está a fazer a todo o nosso futuro. Infelizmente parece que vai demorar muito tempo até que haja uma verdadeira reforma”, escreveu Zuckerberg.
Algumas das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos, incluindo o Google, o seu rival Yahoo Inc e o Twitter (uma rede social), têm pressionado para haver uma maior transparência, uma maior vigilância e mais restrições na recolha de dados. Depois de serem criticadas pelas próprias práticas de recolha de dados dos seus utilizadores, as empresas também procuraram clarificar as suas relações com as aplicações das leis dos Estados Unidos e das agências de espionagem desde Junho, quando os dados libertados por Snowden mostraram a extensão da capacidade de espionagem dos EUA.
Os documentos secretos que Edward Snowden disponibilizou e que foram notícia, mostraram detalhes de como o Governo dos Estados Unidos poderá ter interceptado informação sobre utilizadores de Internet a partir dos cabos de comunicação que estão ligados aos centros de dados de empresas como o Google ou o Yahoo. A NSA criticou estas notícias, dizendo que tinham informação incorrecta e argumentou que os programas de espionagem são críticos para a segurança nacional do país.
Edward Snowden, a viver na Rússia, é procurado e acusado pelos Estados Unidos por espionagem.