Aires Mateus venceram concurso para Universidade de Tournai

Os irmãos Manuel e Francisco Aires Mateus são também os autores do projecto da nova sede da EDP, com obras já em curso na 24 de Julho.

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Quando o objectivo é ensinar arquitectura, afinal, por que não começar com o edifício da própria escola? Será assim na nova Faculdade de Arquitectura de Tournai, na Bélgica, cujo projecto acaba de ser ganho pelo atelier português Aires Mateus.

Com uma primeira fase de trabalhos orçada em quatro milhões de euros, nesta obra os irmãos Manuel e Francisco Aires Mateus visam passar aos estudantes da Universidade Católica de Louvain a importância de conceitos como os de troca e partilha, concentrando-se na criação de espaços colectivos.

Eliminar corredores e divisões, obrigar as pessoas a circular pelo interior de zonas de trabalho, e, indo ainda mais longe, fazer da escola um acesso entre dois bairros da cidade – são algumas das características base das novas instalações da universidade que já em 2015 começará a mudar-se do seu actual "campus", a 10 quilómetros do centro da cidade, para o centro de Tournai.

"Toda a estratégia [do projecto] tem a ver com a resposta a essa ideia de urbanidade", explica Manuel Aires Mateus. E responder ao centro urbano implicou todo um trabalho de relação com pré-existências – desde logo, uma lição de arquitectura.

No complexo a ocupar, para além de várias pequenas construções mais incaracterísticas, existem um antigo hospital do século XVIII e dois edifícios industriais do princípio do século XX. O projecto de Manuel e Francisco Aires Mateus prevê a demolição do edificado de menores dimensões e a reabilitação dos três maiores.

O antigo hospital receberá os serviços administrativos e os dois edifícios industriais, de estrutura metálica e espaços amplos, receberão as salas de aulas e bibliotecas. O edifício a construir de raiz funcionará como um grande "foyer", o grande espaço público – e de representação pública – da escola, com zonas expositivas e auditórios.

“O que fizemos com esse edifício foi unir todos os níveis [da escola], assegurando [através dele], todas as circulações verticais e horizontais, tanto no interior da universidade como entre as praças”, explica ainda Manuel Aires Mateus.

Esse edifício funcionará, assim, “tanto como espaço interior como eixo do redesenho de toda a envolvente exterior”.

Como no resto da zona antiga da cidade, nesta zona, o edificado mais característico tem embasamentos feitos em "bluestone" e fachadas em tijolo. O projecto prevê que a nova construção se apague de forma a evidenciar essas características essenciais das pré-existências: “Queremos um edifício tão neutro quanto possível, que se deixe fazer apenas de pano de fundo. Interessa-nos a ideia da memória e, sobretudo, queremos trabalhar a arquitectura não só como forma mas, fundamentalmente, como espaço.”

Essa é outras das lições – construir menos, tirar mais partido do que existe já: “Foi um dos desafios: com uma só construção não só funcionalizamos todos os edifícios como com eles redesenhamos o espaço público.”

À fase final do concurso público internacional chegaram cinco candidatos. O projectos dos irmão Mateus venceu contra propostas de ateliers franceses e belgas como Lacaton & Vassal e Robbrecht en Daem. 

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