Lou Reed costumava dizer qualquer coisa como “Não há nada melhor que uma bateria, um baixo e uma guitarra eléctrica”, premissa que podemos considerar correcta, partindo do princípio que ele nunca viu jogar o FCP de Artur Jorge ou o de Mourinho ou o de Villas-Boas. A proposição faz, pelo menos, todo o sentido com este power-trio português que certamente terá crescido de orelhas pregadas a vinis do Led Zeppelin, discos de hardcore e guitarradas psicadélicas. E não só faz sentido como é desmesuradamente exacta em faixas magníficas como Howling, que começa como uma canção dos Clash antes de explodir num riff tamanho que faria os Black Mountain corar de vergonha, assentando num verso cheio de poder para então rebentar de novo; a frase de Reed não só faz sentido como é desavergonhadamente verdadeira no absolutamente extraordinário riff de Hook e subsequentes agudos a estrebuchar; ou no disparo raivoso de Shortie. Percebem o que há por aqui: todas as variações possíveis de agressão à guitarra, seis temas, um estrondo de estreia. Rais os parta, como é bom apanhar porrada assim.
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