Cinco soldados afegãos mortos por um ataque da NATO
Incidente acontece dias depois de o Presidente Hamid Karzai ter dito que os "afegãos estão a morrer numa guerra que não é a sua".
O ataque aconteceu ao início da manhã, num distrito da província de Logar, situada a sul da capital afegã. “Cinco membros do Exército afegão morreram e outros oito ficaram feridos”, revelou o governador Din Mohammad Darvish, num balanço já confirmado pelo Ministério da Defesa afegão e o comando da NATO.
Um responsável local contou à AFP que os soldados estavam num posto erguido pelos militares norte-americanos numa colina do distrito de Charkh. “Os americanos foram-se embora e o Exército afegão instalou-se ali”, explicou Khalilullah Kamal, acrescentando que o ataque terá sido lançado por drones (aviões não-tripulados).
A NATO confirmou o incidente num comunicado em que lamenta a morte “acidental” dos aliados afegãos e revela que o caso está a ser investigado.
Palavras e explicações que não deverão bastar ao Presidente afegão, que, numa entrevista publicada segunda-feira pelo jornal Washington Post, afirmava que “os afegãos estão a morrer numa guerra que não é a sua”, mas que é travada pelos aliados “em nome da segurança dos aliados e dos interesses ocidentais”. Hamid Karzai volta a acusar os Estados Unidos de não estarem suficientemente empenhados em destruir os santuários dos taliban, no vizinho Paquistão, preferindo atacar as aldeias afegãs, com elevado custo para os civis.
O incidente poderá tornar ainda mais improvável a assinatura, antes do fim do mandato de Karzai, do acordo de segurança bilateral com os EUA, condição imposta por Washintgon para manter no país soldados após o final da missão da NATO, em Dezembro. Na semana passada, o Presidente norte-americano, Barack Obama, telefonou a Karzai para o avisar de que o Pentágono está já a ultimar planos de contingência para a retirada total dentro de meses, deixando, ainda assim, em aberto a possibilidade de o documento ser assinado apenas pelo Presidente que vier a ser eleito em Abril.
“É bom que seja o meu sucessor a assinar”, respondeu Karzai, que, no final da entrevista, pediu aos jornalistas que transmitissem a sua “gratidão ao povo americano” pelo esforço de 12 anos de guerra. “Ao Governo americano, levem a minha revolta, a minha extrema revolta”.