Hesitamos em considerar Ciclo Interrompido como um melodrama ambicioso que nunca encontra o caminho certo para exprimir a ambição que tem, ou como um simples filme sentimentalão que se pretende fazer “caro” e mascarar, através de certas opções formais, um propósito que não ultrapassa o rodriguinho lacrimejante. Mais do que a música country de factura belga (elemento distintivo mas, no fundo, mera “cor”), é pela sua estrutura narrativa, e especialmente pela profusão de súbitos flash backs e flash forwards, que o filme se destaca - é a expressão de um “destino”, de um destino anunciado e inexorável, que envolve as personagens e as devora. A ideia não é má, é propriamente “melodramática”, e van Groeningen serve-se do procedimento com alguma eficácia narrativa. Mas depois falta o resto, um argumento e uma densidade no tratamento das personagens que as torne realmente interessantes, e que traga ao filme uma riqueza que o torne realmente especial. Tal como está, tudo parece artimanha e bem intencionada chantagem emocional.
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