Morais Sarmento diz que “ uma vitória tangencial” do PS nas europeias é um risco para Seguro

Centrado em dois momentos-chave, a saída da troika e as eleições europeias, o ex-ministro do PSD analisou possíveis cenários e riscos para o Governo e para a oposição.

Sarmento, que participava ontem num debate organizado pela Câmara de Comércio Luso-Britânica em Lisboa, prevê que as eleições europeias coloquem pressão no PS, mas acredita que em Junho o foco possa voltar para o lado do Governo de Passos e na gestão das expectativas do pós-troika.

Se o cenário de um mau resultado para o PS se confirmar, "o quadro altera-se completamente": "António Costa pode voltar a emergir como putativo líder do PS", prevê o comentador da RTP. E António Costa, explica o social-democrata, não tem os mesmos problemas que Seguro. "Seguro tem problemas criados por si próprio", afirmou. Um deles vem do momento em que pediu eleições antecipadas em Julho passado, com a "posição extrema de ‘eleições já!’" e sem aceitar "nenhuma proposta" do Governo. Para Sarmento, nessa altura o líder socialista "colocou-se num beco sem saída, bloqueado pela decisão que tomou". E depois, "tentou correr atrás do prejuízo, primeiro com a previsão da espiral recessiva e depois negando os sinais positivos da economia".  

Sarmento, que voltou a falar da importância de um "consenso alargado com o PS", considerou que a posição de Pedro Passos Coelho saiu reforçada do Congresso do PSD o que, na sua opinião, coloca o líder social-democrata numa "posição descontraída". Pelo menos para já. O ex-dirigente do PSD defende que a pressão está agora sobre o PS de António José Seguro, que acusa de criar "disfuncionalidades no sistema político", através da "campanha política muito pouco objectiva" que já começou a fazer. Mas se o PS tiver um mau resultado e se António Costa for para a liderança do partido, "a pressão volta a estar do lado do Governo e de Passos Coelho", acredita.

Riscos para a maioria

Mas, prosseguiu, se "Seguro ultrapassar as eleições europeias" com uma vitória que lhe permita continuar na liderança do partido, o foco também volta para o Governo, que terá de gerir um conjunto de factores, tais como as expectativas dos portugueses para o fim do programa de reajustamento financeiro, que coincide no tempo com o sufrágio para o Parlamento Europeu. "O pobre do português ouve dizer que isto está melhor e depois chega a Julho e está tudo na mesma, numa situação que não é sustentável e que corresponde a um universo grande de pessoas", reconheceu.

Sobre a saída da troika, o convidado da Câmara de Comércio Luso-Britânica disse que "a questão coloca-se em saber se a Europa está disposta ou não a um programa cautelar. E parece que não". Assim, o Governo PSD/CDS irá governar "sem guião", e logo sem "metas e compromissos". E vai "descomprimir". Mas aí surge outro risco, porque, depois do memorando, "os portugueses vão achar que temos opções daí para a frente e que a responsabilidade pelo caminho tomado é do Governo".

Seja como for, considera que o cenário de eleições legislativas antecipadas não se coloca "antes do final do ano" em curso e a liderança do PSD não irá ser posta em causa. A não ser que o Presidente da República coloque a hipótese do "consenso alargado" como prioridade máxima. "Se os partidos não chegarem a acordo, alterações [nas lideranças] nos partidos têm de ser feitas", considera.

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