Samsung lança novo topo de gama, Nokia estreia-se nos Android
Com o mercado de telemóveis já maduro em muitos países, algumas empresas estão a tentar aliciar consumidores para uma categoria de produto diferente. A sul-coreana mostrou três novos relógios inteligentes.
O novo Galaxy tem um ecrã de 5,1 polegadas, foi concebido para ser resistente à água e ao pó e tem uma bateria que a Samsung diz permitir dez horas de navegação na Internet. Além disso, uma funcionalidade de poupança de energia desactiva várias funções e torna o ecrã preto e branco. O S5 inclui melhorias na câmara, uma interface redesenhada e tecnologia para tornar mais estáveis as ligações à Internet. Está ainda equipado com um sensor de ritmo cardíaco, que pode ser usado por aplicações relacionadas com exercício físico, e um sensor biométrico, que lê as impressões digitais e pode ser usado para tarefas que requerem autenticação, como pagamentos.
Boa parte da apresentação, porém, não foi dedicada a telemóveis. A multinacional mostrou três novos modelos dos chamados smartwatches, relógios que incorporam algumas funcionalidades dos smartphones e que podem ser emparelhados com tablets, telemóveis e outros aparelhos. O Gear 2 e o Gear 2 Neo e o Gear Fit usam no sistema operativo Tizen, desenvolvido pela própria Samsung, em vez do Android do modelo predecessor. Vários fabricantes apostaram recentemente nestes relógios como uma nova categoria de produto, numa altura em que alguns mercados, especialmente na Europa e América do Norte, já registam uma penetração elevada de smartphones.
A Samsung é hoje líder isolada. Terminou 2013 com uma quota de 31,3% do mercado mundial, segundo a analista IDC. Seguem-se a Apple (15,3%), a Huawei (4,9%), a LG (4,8%) e a Lenovo, que recentemente comprou a Motorola (4,5%).
Com os Lumia a terem um crescimento lento e uma quota de mercado a rondar os 3%, a Nokia revelou uma nova estratégia e apresentou três modelos de baixa gama que são os primeiros da marca equipados com Android. A fabricante finlandesa, porém, criou a sua própria versão do sistema desenvolvido pelo Google, optando por uma interface inspirada no Windows Phone e com serviços da Microsoft pré-instalados.
Os novos Nokia X, X+ e XL não usam os serviços do Google, que tipicamente vêm nos telemóveis com Android. Em vez disso, têm os mapas da Nokia, o email Outlook.com e o serviço de alojamento online One Drive, ambos da Microsoft. Os utilizadores, no entanto, poderão instalar as muitas aplicações para Android disponíveis.
Os três modelos surgem pouco antes de se concluir a compra do negócio de telemóveis da Nokia por parte da Microsoft, um negócio que conclui três anos de uma estreita parceria, que fez com que a Nokia abandonasse as suas próprias plataformas e passasse a usar o sistema Windows Phone, que equipa a linha de smartphones Lumia.
“Esta é uma jogada muito racional. A Nokia, ao contrário de outras marcas em dificuldades, está a fazer tudo o que pode para sobreviver, mesmo quando isso significa uma viragem de 180 graus na sua estratégia”, considera o analista da IDC Francisco Jerónimo, explicando que os novos modelos podem ajudar a fabricante a lutar por uma fatia do importante mercado das economias em desenvolvimento. No entanto, também observa que este é um anúncio tardio e que a estratégia é “arriscada”. “Com a linha Lumia, a Nokia não está a crescer tão rápido como esperava. E os Windows Phone não estão prontos para o patamar da muito baixa gama, onde haverá crescimento nos próximos anos, sobretudo nos mercados emergentes”.
A Nokia apresentou os telemóveis como uma porta de entrada dos consumidores para os modelos Lumia. Os preços ficam no patamar inferior do mercado e os alvos são sobretudo as economias emergentes, embora a Europa também esteja entre as regiões onde os aparelhos serão comercializados.
O PÚBLICO viajou a convite da Samsung
Artigo corrigido a 3.3.2014: por um lapso de edição, a citação no oitavo parágrafo não estava atribuída. É do analista da IDC Francisco Jerónimo.