Menezes foi ao Coliseu assumir a derrota no Porto e apoiar Passos
Ex-líder do partido e ex-autarca disse-se grato pelo apoio que também recebeu do partido nas autárquicas.
“Não pertenço ao grupo daqueles que somando vitórias, vitórias, vitórias vêm ao congresso receber os louros. Eu estou aqui para assumir a responsabilidade da minha derrota”, declarou o ex-líder social-democrata, sublinhando que não podia “lavar as mãos da sua responsabilidade e ficar lá fora”.
“Ninguém me empurrou, ninguém me obstaculizou. Nunca me posso queixar dos dirigentes do partido que me deram todo o apoio”, afirmou Luís Filipe Menezes, que foi por diversas vezes aplaudido pelos congressistas.
O ex-presidente da Câmara de Gaia elencou um conjunto de razões que estiveram na origem da sua derrota eleitoral no Porto, quando os “todos os estudos de opinião eram muito optimistas”, não deixando espaço para dúvidas. Explicou-as uma a uma, dando particular destaque à polémica que se instalou em relação à Lei de Limitação de Mandatos e que esteve na origem de muitas providências cautelares, apresentadas pelo Movimento Revolução Branca, que entendia que um presidente que tivesse cumprido três mandatos consecutivos à frente de uma câmara não poderia ser candidato num outro município.
Menezes deu conta do desgaste que essa situação lhe provocou e que durou até “20 dias antes das eleições autárquicas”. “Lamento essa novela”, disse, revelando que houve militantes do PSD que cavalgaram essa onda, colocando-se ao lado daqueles que estavam contra a sua candidatura à Câmara do Porto depois de 16 anos a presidir à autarquia de Vila Nova de Gaia.
Menezes não esqueceu o parceiro de coligação do Governo, que apoiou o candidato independente Rui Moreira, e deixou recados para Rui Rio, embora não tenha nunca mencionado o seu nome. "O presidente da câmara em exercício e a máquina da câmara não tinham simpatia pela minha candidatura”, declarou o ex-autarca, assumindo que foi o candidato do Governo nas eleições ao Porto.
Luís Filipe Menezes aludiu depois a “a uma classe média conservadora” que existe no Porto e queixou-se da “ausência de uma comunicação social proactiva a Norte”.
Menezes sublinhou que desde que Pedro Passos Coelho é presidente do partido nunca hesitou em dar-lhe o apoio. E depois de assinalar a “panóplia de obstáculos” que teve pela frente no processo eleitoral à Câmara do Porto, Menezes deixou um conselho ao líder do partido: “Companheiro Passos Coelho não chega governar bem, não chega ter bons resultados (…) é preciso que lá fora saibam o que estamos a fazer”.
Na sua primeira aparição pública perante o partido depois da derrota de Setembro, o ex-presidente da distrital do Porto do PSD abordou a recente polémica ligada às expulsões de duas centenas de militantes do partido por terem protagonizado listas contrárias às candidaturas oficiais do PSD para dizer que se fosse pedida a sua opinião não expulsava ninguém.
Menezes trouxe ao debate a questão das eleições europeias que estão à porta para dizer que o eurodeputado Paulo Rangel deve encabeçar a lista do PSD ao Parlamento Europeu. E defendeu uma coligação com o CDS nas próximas eleições legislativas.