Eleições na Guiné-Bissau adiadas para 13 de Abril
É a terceira data marcada após o golpe de 2012. Comunidade de países da África Ocidental já anunciou reforço da presença militar.
É a terceira data fixada para as eleições que deverão pôr fim ao período iniciado com o derrube do Governo eleito do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. A realização da consulta eleitoral ultrapassou há muito os prazos prometidos pelos autores do golpe liderado por António Indjai, chefe de Estado Maior das Forças Armadas.
Inicialmente, foi anunciado que as eleições se realizariam no prazo de um ano após o golpe. Mais tarde foram marcadas para 24 de Novembro de 2013. E depois para 16 de Março de 2013. Há semanas que era admitido um novo adiamento devido a atrasos no recenseamento.
O decreto de Nhamadjo indica que a data foi fixada depois de ouvidos o governo de transição, os partidos políticos com e sem representação parlamentar e organizações da sociedade civil. O dia 13 de Abril tinha já sido adiantado pela CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental).
Soumaila Bakayoko, coordenador do comité de chefes de Estado Maior, tinha dito na quarta-feira que o contingente militar de 750 homens da força militar que a organização africana tem na Guiné-Bissau deverá em breve ser reforçado “para assegurar a segurança de todos durante a eleições que se realizarão a 13 de Abril”. Não adiantou o número de soldados estrangeiros que deverão juntar-se aos que já estão no país.
As autoridades de transição que governam actualmente a Guiné resultam de um acordo entre a CEDEAO e os militares golpistas que derrubaram o Governo de Carlos Gomes Júnior, "Cadogo", entre a primeira e a segunda volta das presidenciais de 2012.
"Cadogo", líder do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) venceu a primeira volta com cerca de 49% e era o favorito na corrida eleitoral. Após o golpe foi obrigado a exilar-se, tal como o então Presidente interino, Raimundo Pereira.
O PAIGC, principal partido no actual Parlamento, elegeu este mês um novo líder, Domingos Simões Pereira, antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Gomes Júnior manifestou nos últimos meses a intenção de se candidatar com o apoio da força política que conduziu a luta de libertação, o qual ainda não tomou uma decisão sobre as presidenciais.
A Guiné-Bissau tem um longo historial de golpes de Estado e assassínios políticos. Vários dos seus dirigentes, designadamente chefias militares,são suspeitos de ligação ao tráfico de droga internacional, que usa o território como ponto de passagem.
Ramos-Horta, representante do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau no último ano, responsabilizou há dias as elites políticas pelo estado de um país “falhado em todos os sentidos”. “Os políticos é que manipulam os militares, incitando-os a apoiar uma facção ou outra”, disse em entrevista à revista The World Today, da Chatham House, instituto britânico de assuntos internacionais.