O que vale a Bélgica?

Num jogo de grande importância para o râguebi nacional, aos jogadores portugueses pede-se que tragam os pontos da vitória

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O jogo deste sábado com a Bélgica é de grande importância para a selecção nacional. Ganhando, Portugal, no mínimo, ficará com a tranquilidade da manutenção neste Grupo A1 da Taça Europeia das Nações - teoricamente a Espanha, que Portugal receberá a 15 de Março próximo, não ganhará nenhum jogo até lá nem tão pouco conseguirá pontos de bónus defensivos. Perdendo, Portugal ficará dependente, para além de mais uma vitória - Rússia fora, Espanha em casa -, do resultado de terceiros, nomeadamente no que diz respeito a pontos de bónus.

Faltam três jornadas e na classificação geral do Grupo, Portugal tem 7 pontos (1 vitória, um empate e um ponto de bónus), a Espanha tem 10 (1 vitória, 2 empates e 2 pontos de bónus) e a Bélgica 6 (1 empate e 4 pontos de bónus). Ganhando, Portugal passará para 11 pontos, voltando a ocupar a 4.ª posição, voltando a 21.º do ranking e dificilmente ficará em posição classificativa de descida de Grupo.

Por tudo isto, a importância do jogo de sábado - nele se joga o futuro. E Portugal pode ganhar à Bélgica? Pode e vai ter que o fazer. Pelo que se escreveu e pela sua maior qualidade técnico-táctica. E não haverá problema desde que os jogadores portugueses entrem no terreno de jogo com a atitude que as circunstâncias impõem. Dispostos a vencer, focados no domínio territorial, na pressão, placando ofensivamente e utilizando a bola de forma adequada ao posicionamento defensivo adversário. E utilizando a velocidade, conquistando sempre terreno, jogando na cara da defesa.

A selecção portuguesa está na 22ª posição do ranking IRB com 58,88 pontos enquanto que a Bélgica se encontra na 28ª posição com 55,39 pontos. Uma distância com algum significado, portanto. Demonstrada aliás na vitória portuguesa da primeira-volta por 18-12 com dois ensaios marcados contra nenhum dos belgas. Mas não vai ser fácil. A Bélgica, sendo inferior aos portugueses em termos de capacidade técnica e táctica é uma equipa muito rude e lutadora, mostrando-se difícil, portanto, para estabelecer a diferença.

E desta postura são demonstrativos - tem um ponto de bónus ofensivo por marcar, embora perdendo, quatro ensaios à Rússia - os três pontos de bónus defensivos por derrotas por menos de oito pontos. Em termos de ensaios, Portugal só conseguiu marcar quatro nos sete jogos efectuados e a Bélgica marcou oito. Mas uma vantagem para Portugal nesta segunda-volta: tal como os belgas, não marcamos qualquer ensaio mas sofremos cinco contra os sete sofridos pela Bélgica.

Nada vai ser fácil e para vencer será preciso muito mais do que a presença em campo. Na análise teórica que se pode fazer dos jogos efectuados até este confronto - ver gráficos no meu "XV contra XV" - é nos quartos ímpares, iniciais, que a Bélgica tem demonstrado mais dificuldades - um ensaio marcado contra sete sofridos. O que parece indiciar dificuldades de "entrada" em jogo por parte dos belgas. No último quarto - os célebres 20 minutos finais que se diz marcarem a diferença - os dois ensaios conseguidos contra a Rússia disfarçarão debilidades mas também demonstram capacidade de luta e uma atitude competitiva a salientar: energia física e mental para correr atrás do prejuízo.

E os resultados gerais mostram-no: uma derrota em Bruxelas - embora em estado de batalha campal - com a Geórgia por quatro pontos de diferença; um empate, também em Bruxelas com a Espanha, a 21 pontos. Num jogo, repete-se, de grande importância para o râguebi nacional, aos jogadores portugueses pede-se, seguindo o conselho de um ilustre treinador desconhecido "o resultado não importa nada, o que importa é ganhar!", que tragam os pontos da vitória. Para o que necessitarão de uma postura de combate, de antes quebrar que torcer, de firmeza focada na vitória.

Estrategicamente, impondo - através de jogo ao pé eficaz - o domínio territorial para permitir montar a pressão necessária que leve os belgas a cometerem erros defensivos ou a fazerem faltas. Ou a serem obrigados a jogar a bola dentro do seu campo.

Porque uma coisa parece ressaltar do que se conhece das duas equipas: os jogadores portugueses são mais capazes se forem capazes de utilizar o râguebi de movimento, atacando o espaço, atacando a linha de vantagem. Fazendo circular a bola e obrigando os belgas a terem que se desmultiplicar defensivamente e, por inexperiência competitiva deste nível, cometerem os erros que permitirão marcar os pontos necessários à vitória portuguesa. Que, convém, tenha a diferença que não permita ponto de bónus belga. Não vá o diabo tecê-las.

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