Museu do Chiado ganha uma nova vida com o investimento da Sonae

A empresa apoiará o MNAC, permitindo que este possa aumentar a sua colecção e programar novos ciclos. Daniel Blaufuks é o primeiro artista convidado para um novo programa de residência artística.

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Daniel Blaufuks (autor da obra na imagem) é o primeiro artista convidado para um novo programa de residência artística. Daniel Blaufuks

Os valores desta colaboração não são ainda conhecidos mas David Santos, à frente do Museu do Chiado desde Dezembro de 2013, garante que o investimento da Sonae (proprietária do PÚBLICO) é significativo e fará toda a diferença na dinâmica do museu, que ganhará agora novas formas de acção.

“Este é um acordo de mecenato de grande significado e traz novas perspectivas quer de produção de exposições e de apoio como também de criação de novas obras para o museu”, diz ao PÚBLICO David Santos, explicando que este protocolo, que é apresentado hoje às 16h, já terá resultados visíveis ao longo deste ano. Na apresentação de hoje estará ainda Luís Reis, em representação da Sonae, e que ontem não esteve disponível para falar com o PÚBLICO, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e o director-geral do Património Cultural, Nuno Vassalo e Silva.

Para o director do Museu do Chiado, “2014 já será um ano diferente”, destacando que este protocolo para apoio à criação de arte contemporânea terá como base três eixos fundamentais. E são eles o apoio anual à programação do museu, a criação dos Sonae MNAC Art Cycles e o Prémio Sonae Media Art.

No que ao apoio à programação diz respeito, a Sonae ajudará na promoção e divulgação da criação contemporânea, “sobretudo nacional”. “Estamos a falar de um apoio anual que nos vem dar outras condições de programação”, aponta David Santos, avançando para os Sonae

MNAC Art Cycles — os ciclos de residência artística, cujos projectos darão origem a uma grande exposição. Este é um projecto bianual que terá um artista convidado a trabalhar de perto com o Museu do Chiado. Para a primeira edição já há um artista seleccionado e será o fotógrafo Daniel Blaufuks, vencedor do Prémio BES Photo 2006, a dar início a este novo projecto. “O Daniel Blaufuks foi o escolhido por nós e dará já início e começará já a preparar uma exposição individual que inaugurará em Janeiro de 2015”, explica David Santos.

“Ou seja, esta residência artística é uma residência que prepara uma exposição individual de grande impacto e que será sempre realizada nas salas principais do museu com o apoio da Sonae”, continua o director do MNAC, revelando ainda que o fotógrafo será responsável também por dar duas master classes a alunos de escolas de artes portuguesas. “Há uma preocupação social deste Art Cycles”, diz David Santos, para quem é importante estabelecer uma relação com “a comunidade estudantil que está na fase de aprendizagem e também tem de perceber como é que funciona o processo criativo”.

Bianual também será o Prémio Sonae Media Art, o eixo “mais forte” deste protocolo, como considera David Santos, explicando que os detalhes deste galardão, entre os quais o valor monetário, serão anunciados apenas mais para a frente mas pode já garantir “que terá um grande impacto no meio artístico”. “É um prémio que vai obrigatoriamente abranger as formas de criação contemporâneas mais ligadas aos novos media”, diz. Da imagem ao som, incluindo a exploração dos media vídeo, computação, som e mixed-media, as possibilidades são muitas e nem mesmo outras formas de arte como a performance, a dança ou o cinema serão postas de parte.

“No fundo o Sonae Media Art vem ampliar ao máximo aquilo que é a prática artística contemporânea no sentido de beneficiar a arte portuguesa”, continua David Santos, adiantando que serão abertas candidaturas para este prémio. Daqui sairão os finalistas que terão uma exposição no MNAC no final de 2015, altura em que será anunciado o vencedor.

A aquisição de novas obras para a colecção do museu também é uma possibilidade com este novo apoio. David Santos explica que algumas das obras apresentadas no âmbito dos Sonae MNAC Art Cycles ficarão na colecção do Museu do Chiado, assim como algumas das obras distinguidas no Prémio Sonae Media Art.

“Portanto vai haver também um reforço da colecção de arte contemporânea do MNAC a partir deste apoio mecenático”, acrescenta o responsável, lembrando que o apoio do Millennium BCP vai continuar. “Passamos a ter dois mecenas principais e os dois estarão sempre associados às exposições que vamos fazer”, continua o director, para quem é cada vez mais importante que os museus consigam complementar o recurso a mecenas com o apoio do Estado. “Uma coisa não é incompatível com a outra e é na complementaridade que temos de encontrar pontes para o futuro.”

Barreto Xavier já tinha dito que iria apresentar em breve o novo mecenas do MNAC, e que este iria ter um papel decisivo. Era a pedra que faltava no projecto de revitalização do Museu do Chiado, depois da nomeação de David Santos, ex-director do Museu do Neo-Realismo, e do protocolo firmado entre a Secretaria de Estado da Cultura e os ministérios das Finanças e Administração Interna para a ampliação do museu.

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