Pires de Lima admite que o “milagre económico” de que falou foi um “excesso de linguagem”
Ministro da Economia ressalva, que ainda assim, mais vale exagerar nos elogios às empresas do que desvalorizar o esforço destas, como faz a oposição.
Nesta segunda-feira à noite, antes de intervir nas jornadas Portugal no rumo certo. Mais Indústria. Melhor Economia. Mais Emprego, organizadas por PSD e CDS, o governante disse estar certo de que "toda a gente percebeu" o que ele queria significar ao falar de "milagre económico", mesmo que o recurso à expressão tenha sido "manifestamente um excesso de linguagem”.
"Acho que é bem preferível, eventualmente, exagerar nos elogios que eu tenho feito às empresas por serem as grandes obreiras desta recuperação económica, tendo como parceiro o papel do Estado e do Governo do que, permanentemente, como fazem os partidos da oposição, desvalorizar os sinais de retoma económica, de crescimento económico, desvalorizando com isso o esforço que as empresas têm estado a fazer”, defendeu.
Na opinião do ministro, com esta atitude a oposição "desqualifica o trabalho que as empresas em Portugal estão a fazer e que tem tradução muito nítida nos indicadores de crescimento económico" dos últimos três trimestres e na "diminuição gradual, lenta mas consistente, do desemprego".
No último debate quinzenal com o primeiro-ministro no Parlamento, na passada sexta-feira, o secretário-geral do PS, António José Seguro, acusou o Governo de Passos Coelho de estar a criar "uma fábula, proclamando um 'milagre económico'" inexistente. O primeiro-ministro reiterou que os socialistas parecem zangados quando há boas notícias, e sublinhou que não tinha sido ele a usar tal expressão.
Nesta segunda-feira no Porto, Pires de Lima também considerou "muito importante" a aposta Governo no fomento industrial, que classificou como " um tema prioritário na agenda da recuperação económica para os próximos anos". "De tal forma que Portugal teve o gosto, a semana passada, de receber os meus homólogos de Espanha e de Itália e liderar uma posição comum na Europa do Sul, para que o tema da reindustrialização seja um tema central na agenda europeia e com isso possa gerar mais oportunidades de emprego", enfatizou.
O governante antecipou ainda aos jornalistas que iria falar também aos militantes do PSD e CDS do investimento em infra-estruturas prioritárias para os próximos anos, na sequência da lista elaborada por um grupo de trabalho nomeado pelo Governo e numa altura em que o documento que se encontra em discussão pública. "Um tema para o qual nós queremos ouvir não só as forças da sociedade civil, as CCDR, mas também - como dei nota hoje no convite que fiz através do Ministério da Economia - todos os partidos que têm assento parlamentar", disse o ministro.
Marco António contra a parede de intransigência do PS
Já no interior do anfiteatro da Fundação Cupertino de Miranda onde decorreu o encontro com os militantes dos dois partidos da coligação governamental, Marco António Costa, o coordenador permanente da comissão política nacional do PSD e porta-voz do partido, afirmou que aquele convite de Pires de Lima “não podia ter sido mais oportuno”. “Comprova que não é verdade o que a oposição diz”, disse o dirigente social-democrata aludindo às declarações do líder do PS que, à tarde, dissera que os convites para o diálogo por parte do Governo não têm tradução nos actos e não passam, por isso, de “acenos mediáticos”.
“Temos esbarrado permanentemente numa parede de indiferença e intransigência”, proclamou Marco António Costa, insistindo que o "convite cívico" do primeiro-ministro à oposição, para consensualizarem estratégias, constitui “um apelo estruturado”.
Antes da intervenção de António Pires de Lima perante os apoiantes do PSD e do CDS a comunicação soicial foi convidada a sair da sala. A sessão foi aberta pelo deputado social-democrata Feliciano Barreiras Duarte, coordenador do grupo de trabalho Estratégia de Fomento Industrial para o Crescimento e o Emprego que se propõe organizar três dezenas de sessões idênticas à desta segunda-feira pelo país, destinadas a ouvir e a recolher contributos dos militantes e da sociedade civil.