Oposição ucraniana desocupa edifício da câmara em Kiev
Evacuação era uma das condições impostas pelo Governo para que os manifestantes libertados na sexta-feira sejam perdoados.
Na sexta-feira, o procurador-geral Viktor Pshonka tinha anunciado que as queixas contra os manifestantes seriam retiradas, ao abrigo a polémica lei da amnistia aprovada no final de Janeiro, se os opositores desocupassem os edifícios públicos, como o da Câmara Municipal de Kiev, e levantassem as barricadas que cortaram o trânsito na rua Grouchevski, que dá acesso ao Parlamento e à sede do Governo.
“A câmara está praticamente vazia”, afirmou esta manhã à AFP o "comandante" dos Paços do Conselho, Ruslan Andriiko, do partido nacionalista e de extrema-direita Svoboda. Minutos mais tarde, o embaixador da Suíça em Kiev entrou no edifício municipal. “A Suíça, que tem neste momento a presidência rotativa da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa [OSCE], foi convidada pelas duas partes em conflito a participar no processo de transferência da câmara para as autoridades”, declarou aos jornalistas o embaixador Christian Schoenenberger.
A Câmara de Kiev, transformada em sede da revolução, é um local simbólico da disputa, tal como a Maidan (Praça da Independência), praça central da capital ocupada depois da recusa de Viktor Ianukovitch em assinar um acordo comercial com a União Europeia, no final de Novembro. Desde então, as manifestações assumiram um cariz de protesto generalizado à liderança do próprio Ianukovitch.
No edifício, onde foi montada uma cantina e também um hospital improvisado, estavam cerca de 700 manifestantes.
Outros edifícos municipais, noutras cidades da Ucrânia ocidental, que tinham também sido ocupados, começaram a ser evacuados esta manhã, relata a Reuters. "Estamos a fazer isto para que o procurador geral para que a lei da amnistia geral possa entrar em vigor", disse Oleh Helevey, um vice-presidente do Svoboda. "Mas se o procurador não declarar que a lei entrou em vigor, reservamo-nos o direito de voltar a ocupar edifícios municipais", ameaçou.
Mas outros edifícios, ocupados por outros grupos de manifestantes - como o Sector Direito, uma coligação de forças radicais de direita com fortes raízes na Ucrânia ocidental, fortemente anti-russa, diz o New York Times - continua a defender que os edifícios oficiais devem continuar sob ocupação até o Presidente se demitir.