Governo alemão sofre primeira demissão de ministro em apenas dois meses
Ministro conservador tinha avisado o Partido Social-Democrata que um deputado iria ser alvo de uma investigação.
A demissão de Hans-Peter Friedrich, da União Social-Cristã, o partido-gémeo da CDU, de Angela Merkel, na Baviera, foi provocada pela revelação de que informou Sigmar Gabriel, líder do Partido Social Democrata (SPD), então na oposição, sobre uma investigação a um seu deputado, Sebastian Edathy, por suspeita de posse de pornografia infantil.
Friedrich foi um ministro do Interior pouco popular, desvalorizando todas as questões de espionagem da NSA na Alemanha, questão a que a opinião pública é especialmente sensível. Depois das eleições de Setembro e da formação da grande coligação, foi despromovido para a pasta da Agricultura, mas as revelações ditaram o seu afastamento. Mantém que não fez nada de ilegal, e que se demitiu apenas por pressão pública e falta de apoio político.<_o3a_p>
Segundo o procurador encarregado do caso, alguém terá avisado Edathy da investigação. Isso terá levado, alega a imprensa alemã, a que este apagasse informação relevante do seu computador.<_o3a_p>
Sabe-se que Gabriel passou a informação a dois outros altos responsáveis do SPD: Frank-Walter Steinmeier, o actual ministro dos Negócios Estrangeiros, e Thomas Oppermann, o líder do grupo parlamentar do SPD. <_o3a_p>
Gabriel assegurou que nem ele nem nenhum destes dois responsáveis alertou Edathy. Mas esta é a questão fulcral – quem passou a informação ao deputado investigado? O secretário-geral da CDU Peter Tauber foi o primeiro a pedir que o caso seja totalmente clarificado.
O líder da CSU, Horst Seehofer, foi mais longe, acusando os sociais-democratas de quebra de confiança e de falarem demais. Seehofer, diz o Süddeutsche Zeitung, quer falar com Merkel e Gabriel sobre "o modo como é feito o trabalho conjunto" na coligação. “Crise de confiança em Berlim”, titula o Frankturter Allgemeine Zeitung.
As investigações vão continuar, e com altos responsáveis sociais-democratas envolvidos, “ninguém sabe o que pode sair daqui”, sublinhou Tom Jäger, professor de Ciência Política na Universidade de Colónia, à Reuters. <_o3a_p>
E ainda não há sucessor para Friedrich. Seehofer fez mesmo um ultimato para que um nome fosse apresentado já na segunda-feira.<_o3a_p>
Mesmo que das investigações não saiam mais informações danosas, e que o caso seja rapidamente resolvido, “a imagem do novo Governo está já mais do que ligeiramente afectada”, diz a jornalista de política Julia Bernstorf, da emissora Deutsche Welle.