Instituto de Investigação Científica Tropical integrado na Universidade de Lisboa

Decisão anunciada por Rui Machete, que tutelava agora o instituto.

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Borboletas das colecções do instituto Pedro Cunha/Arquivo

O IICT tinha o estatuto de laboratório do Estado, tal como o Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN), também extinto pelo actual Governo no final de 2011 e na altura integrado no Instituto Superior Técnico, que entretanto se fundiu com a Universidade de Lisboa.

“A política preconizada é da integração [do IICT] na Universidade da Lisboa. Porquê? Porque as instituições universitárias são as mais adequadas para um instituto de investigação, e não um ministério como o Ministério dos Negócios Estrangeiros”, afirmou Rui Machete, durante uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, em resposta ao socialista Pedro Silva Pereira.

O deputado do PS considerou que este anúncio é “uma bomba”, por se tratar de “uma novidade para todos, incluindo para quem lá trabalha” e sugeriu mesmo ao ministro que esta quarta-feira fosse “lá alguém explicar às pessoas” esta medida.

Silva Pereira, que pertenceu ao anterior Governo, de José Sócrates, recordou que o IICT estava no Ministério da Ciência e que foi “o Governo actual que resolveu mudá-lo para o ministério dos Negócios Estrangeiros”.

Para o PS, está em causa “realmente a extinção do instituto”: “Não podem dizer que querem salvaguardar o instituto, quando lhe cortam metade das receitas e o integram. Estamos realmente a falar do desmantelamento. É um erro, que mancha a política de cooperação do Governo”, declarou Silva Pereira.

Também o PCP, pelas vozes de Carla Cruz e Rita Rato, criticou esta medida, afirmando estar em causa o fim de “um laboratório fundamental para a área da cooperação”.

“Se eu subscrevesse o fim do laboratório, tinha-o deixado como ele estava”, afirmou o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Luís Campos Ferreira.

O governante lembrou que Pedro Silva Pereira “teve responsabilidades muito sérias” no país: “Quem teve a atitude que o seu Governo teve relativamente aos institutos e empresas públicas poderia ser um bocadinho mais tolerante para aqueles que agora têm de resolver esses problemas.”

O secretário de Estado garantiu que o Governo está a “salvaguardar o Instituto, a sua marca e unidade jurídica”. “Preservar a marca, garantir a manutenção do essencial da capacidade científica deste instituto, contribuir para a possibilidade de continuar a desenvolver o seu trabalho com dignidade e com um enquadramento que nos parece mais correto” são os objectivos desta alteração, afirmou Campos Ferreira.