Uma Pompeia animal preservada na China
Cemitério de dinossauros, mamíferos e aves primitivas com cerca de 130 milhões de anos resultou de uma erupção vulcânica que lançou no ar uma nuvem de cinzas quentes e fragmentos de rochas.
As formações geológicas de Yixian e Jiufotang, na província de Liaoning (Nordeste da China), conhecidas pela designação de “Biota de Jehol”, caracterizam-se pela sua abundância de fosseis “excepcionalmente bem conservados”, lembram os autores num artigo científico publicado esta terça-feira na revista Nature Communications.
Há cerca de 130 a 120 milhões de anos, uma população composta por dinossauros, mamíferos, aves primitivas e lagartos partilhava uma paisagem de lagos e florestas de coníferas, rodeada de vulcões, refere o pequeno resumo que revista fez sobre este trabalho.
Este ecossistema, tal como a formação geológica, foi descoberta pelos japoneses quando ocuparam esta parte da China, na década de 1930 e 1940. Hoje, é uma mina de fósseis, onde se justapõem restos de invertebrados, vertebrados e plantas, num estado de conservação muito bom.
Mas para os cientistas, este cemitério heterogéneo é um mistério: qual foi a causa destas mortalidades em massa? Qual é a história da preservação excepcional destes fósseis tão diversos?
Para tentar responder as estas interrogações, a equipa liderada por Baoyu Jiang, da Universidade de Nanquim, na China, analisou 14 amostras de fósseis de aves e de dinossauros recolhidos em diversos locais, bem como os sedimentos sobre os quais repousavam.
Os investigadores constaram que cada um dos esqueletos estava directamente integrado nas correntes piroclásticas, também chamadas “nuvens ardentes”, já que são erupções letais de cinzas e gases vulcânicos e de fragmentos de rochas, que acompanham algumas erupções vulcânicas explosivas.
O Vesúvio em Itália, o Monte Pinatubo nas Filipinas, ou a Monte Pelée na Martinica são exemplos tristemente célebres deste tipo de erupções particularmente violentas.
Os investigadores disseram que tanto as posições em que encontraram os animais como os sinais de carbonização faziam lembrar as vítimas de Pompeia. Os resultados sugerem que erupções piroclásticas foram responsáveis pela morte em massa, o enterramento e a deslocação de organismos aquáticos e terrestres e, por fim, da conservação da Biota de Jehol.
Centenas de milhões de anos mais tarde, no ano 79, a erupção do Vesúvio também sepultava, em poucas horas, a cidade de Pompeia, que ficou debaixo de uma avalanche de fogo e uma chuva de cinzas. As escavações arqueológicas puseram a descoberto uma cidade florescente, congelada para a eternidade com os habitantes que não tiveram tempo de fugir. O estado de conservação notável do local é um testemunho precioso do império romano.