Corrupção: nenhum país europeu está a salvo
Relatório da Comissão Europeia e inquérito apontam problema comum: atribuição de contratos públicos e actuação de políticos.
O relatório mostra uma diferença entre a experiência pessoal da corrupção e a percepção de que a corrupção é um problema no país. O Reino Unido é o Estado onde menos pessoas dizem ter-se encontrado numa situação em que é esperado que paguem um suborno (menos de 1%, o valor mais baixo de toda a UE), mas 64% dos inquiridos acham que a corrupção é um problema no país.
No outro extremo, na Lituânia e na Roménia, 29% e 52% dos inquiridos disseram já ter sido esperado de si um pagamento de um suborno. Já o país que mais vê ter um problema de corrupção generalizado é a Grécia, onde 99% dos inquiridos o apontam.
Entre os países com mais recomendações de melhoria no relatório estão a Bulgária e a Roménia. Em Bucareste, ainda há dias foi preso o antigo primeiro-ministro Adrian Nastase, condenado a quatro anos de prisão por aceitar subornos (pela segunda vez). No ano passado, houve também a condenação, na Grécia, do antigo ministro da Defesa Akis Tsochatzopoulos, por lavagem de dinheiro em contratos de compra de equipamento militar.
O relatório diz ainda que, apesar de a análise individual mostrar questões específicas em cada país, há uma zona problemática comum: a atribuição de contratos públicos e a conduta de políticos. A comissão aponta, por exemplo, à Alemanha o “fenómeno de porta giratória”, em que responsáveis de cargos de públicos se juntam a empresas que podem ter ajudado. Este tem sido, aliás, um debate recente no país, depois de Ronald Pofalla, ex-chefe de gabinete de Angela Merkel, se juntar à empresa ferroviária Deutsche Bahn (parcialmente detida pelo Estado) e de o antigo ministro Eckart von Klaeden sair do Governo para um cargo na empresa de automóveis Daimler.