Pais das vítimas do Meco criam e-mail para receber informações e pistas

Pais dos seis jovens que morreram afogados em Dezembro voltaram a apelar ao único sobrevivente da tragédia para que quebre o silêncio.

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A tragédia vitimou seis estudantes, todos da Universidade Lusófona Enric Vives-Rubio

Mais de um mês após a tragédia, os pais dos seis jovens querem deixar claro que estão disponíveis para colaborar com a justiça, que anseiam por respostas definitivas e que não consideram ninguém culpado. “Não há culpados nenhuns. Somos todos culpados e inocentes”, disse ao PÚBLICO Fátima Negrão, mãe de uma das vítimas.

Os seis jovens da Universidade Lusófona de Lisboa morreram na madrugada de 15 de Dezembro. Apenas o chamado Dux, nome que é dado ao chefe máximo da praxe, sobreviveu, mas tem permanecido em silêncio desde então. Alguns pais das vítimas tentaram, entretanto, obter informações junto do jovem e junto do Conselho Oficial da Praxe Académica da Lusófona, sem sucesso.

Na sexta-feira, a família de João Gouveia garantiu numa carta enviada à agência Lusa que ele “prestará todos os esclarecimentos” no “local certo e perante as instâncias competentes, no tempo necessário para que todas as diligências sejam efectuadas”.

Os seis jovens integravam um grupo de estudantes da Universidade Lusófona que tinham alugado uma casa na zona para passar o fim-de-semana. As primeiras notícias descreviam que haviam sido “arrastados por uma onda” e que um conseguira “sair do mar com vida”. Na altura, as autoridades apenas referiram que o grupo de colegas estaria à beira-mar “na zona de rebentação quando foi arrastado”.

Pouco tempo depois soube-se que vestiam todos traje académico e que, além de frequentarem a mesma universidade, tinham em comum a sua ligação à aplicação da praxe académica na instituição. Cada um deles era o responsável pela praxe no seu respectivo curso.

O facto de apenas o Dux ter sobrevivido lançou as primeiras dúvidas. A primeira versão dizia que também este jovem tinha sido arrastado pelas ondas violentas que rebentavam nessa madrugada mas que tinha conseguido nadar para terra e dado o alarme a partir do seu telemóvel, o único que teria sido levado para a praia, aonde os jovens chegaram depois de fazerem cerca de sete quilómetros a pé.

Fábio Jerónimo, um ex-Dux do Conselho Oficial da Praxe Académica da Universidade Lusófona, disse ao PÚBLICO que aquele era para ser um fim-de-semana igual a outros que costumavam organizar, “pelo menos um por ano”. O Diário e Notícias e Correio da Manhã noticiaram na sexta-feira que no dia do ocorrido os estudantes foram vistos a rastejar com pedras atadas aos tornozelos. Um vizinho, incomodado com o que via, abordou-os e um deles terá confirmado que estavam a ser praxados, mas também que era “uma experiência de vida". "Não se meta”, terão dito, denotando que ali estavam de livre vontade.

Para Fátima Negrão, este é apenas um sinal “de que estavam a ser praxados.” A questão que persiste é se os jovens estavam demasiado próximos ou dentro do mar e se também isso faria parte da praxe.

A Procuradoria-Geral da República informou entretanto que a investigação “não é orientada para pessoas determinadas”, porque continua a não haver indícios de prática de crime. O inquérito deixou de estar com o Ministério Público de Sesimbra e foi avocado ao procurador-coordenador do Tribunal da Comarca de Almada, que decretou segredo de justiça.

 

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