Com Grace of Monaco, Grace Kelly regressa a Cannes com honras de filme de abertura
Escolha do filme é também um tributo à actriz-princesa. Lançamento do projecto do realizador Olivier Dahan, protagonizado por Nicole Kidman, estava até aqui em dúvida devido a diferendo com o seu produtor.
No dia 14 de Maio, o festival começa então com a estreia mundial do filme que integra a selecção oficial de Cannes mas que não está na competição pela Palma de Ouro, e sucede ao filme de abertura de 2013, O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann. Ao mesmo tempo que passa em Cannes, o filme estreia-se no circuito comercial em vários países.
Com Kidman como protagonista e com Tim Roth no papel do príncipe Rainier III, o filme foca-se num período posterior à transformação de Grace Kelly, a actriz oscarizada, em Grace do Mónaco, a princesa do Mediterrâneo. Grace Kelly casou-se com Rainier em 1956, no que foi descrito como “o casamento do século”, como lembra o comunicado do festival – aliás, foi no festival que Kelly conheceu o príncipe monegasco. Grace of Monaco mostra uma outra transição na vida de Grace (1929-1982): em 1962, com o principado monegasco em agitação perante ameaças de França de o anexar, Hitchcock convida-a a voltar a Hollywood para ser Marnie – papel que acabaria por ser de Tippi Hedren. Kelly fora protagonista de três filmes de Hitchcock – Chamada para a Morte (1954), Ladrão de Casaca (1955) e A Janela Indiscreta (1954).
O filme, rodado em película, marca o início do festival, que decorre na Croisette até 25 Maio. Realizado por Dahan, responsável por La Vie en Rose (2007), conta ainda com Frank Langella, Parker Posey, Jeanne Balibar, Derek Jacobi e Paz Veja no papel da cantora lírica Maria Callas.
Segundo a Variety, o filme “sempre foi um candidato para abrir o festival de Cannes”, mas tem vivido alguns percalços no que toca à sua data de estreia e tensões entre a equipa criativa e o produtor Harvey Weinstein quanto à versão final de Grace of Monaco. O filme chegou a ter como data de estreia nos EUA o dia 27 de Novembro de 2013, a tempo de entrar na corrida à temporada de prémios em curso, e depois esta foi alterada para Março, já após os Óscares. Na origem dessas mudanças estava o diferendo entre Weinstein, que argumentava que o filme não estava ainda pronto, e Dahan, que criticou publicamente o produtor por tentativa de ingerência no final cut.
O filme continua a surgir na base de dados cinematográfica IMDB como “aguardando a versão final. Lançamento em suspenso”. Ainda na quinta-feira, a revista Hollywood Reporter noticiou que Dahan não tinha ainda entregado a versão final de Grace of Monaco à Weinstein Company. Esta última, que negou as acusações de que foi alvo, conseguiu agora uma das montras mais prestigiadas do sector ao ter o seu filme como abertura do Festival de Cannes.
Kelly chamou a atenção dos críticos no cinema com Mogambo, de Ford, em 1953 e dois anos depois foi convidada para a sua primeira ida ao Festival de Cannes após ter sido The Country Girl de George Seaton e ter ganho o seu único Óscar de Melhor Actriz. A sua relação com o festival prolongou-se até à sua morte, tendo estado na Croisette pela última vez quando da homenagem a Hitchcock em 1980.