Falta de medicamentos nas farmácias está a agravar-se
Farmácias não conseguiram aviar cinco milhões de embalagens de medicamentos em Dezembro.
“Foi o pior mês de sempre”, afirma Nuno Flora, para quem a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) devia efectuar "uma monitorização quase diária" dos produtos que efectivamente estão no mercado para evitar que este problema persista.
Os medicamentos faltam nas farmácias porque os laboratórios não produzem em quantidade suficiente, ou porque se desinteressam de fabricar alguns produtos devido à constante diminuição dos preços, e ainda porque preferem exportar para outros países.
Um dos medicamentos que estão em falta desde Novembro e que tem sido muito procurado é a vacina contra a gripe, situação que tem gerado “uma pressão enorme” sobre as farmácias, frisa Nuno Flora. O problema fica a dever-se a um insuficiente abastecimento das farmácias que, na época vacinal 2013/2014, receberam 530 mil doses, contra as cerca de 950 mil que tinham recebido na época anterior, explica o responsável da ANF.
Nos últimos anos, o número de doses de vacina contra a gripe que vêm para Portugal tem diminuído (são os laboratórios farmacêuticos que decidem anualmente a quota a atribuir a cada país). Em 2013, a quota de importação ficou-se por 1,6 milhões de unidades (menos 100 mil do que em 2012 e menos 200 mil do que no ano anterior) e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) decidiu ficar com 1,157 milhões para distribuição gratuita pelos grupos de risco, como as pessoas com mais de 65 anos, os residentes em lares e outras instituições, os profissionais de saúde e alguns doentes crónicos. Uma estratégia que permitiu um resultado “inédito na história de Portugal”, que conseguir imunizar mais de 60% dos idosos, sublinha o director-geral da Saúde, Francisco George.
A ANF chegou a sugerir à DGS, em Novembro, que fosse cedida às farmácias uma parte do stock que então restava, mas a proposta não recebeu luz verde, uma vez que o objectivo era utilizar as doses no sector público. Francisco George diz agora que as vacinas foram quase todas usadas, restando apenas “uma reserva estratégica”.
Foi neste cenário de falta generalizada de vacinas contra a gripe que no final da semana passada foram detectadas numa farmácia de Aljezur várias doses provenientes de Espanha. Nesta terça-feira, o ministro da Saúde esclareceu que estas vacinas estavam fora do circuito legal, mas não eram falsificadas. “Dos indícios que temos, não se trata de qualquer contrafacção, mas sim de uma compra de uma farmácia (portuguesa) a uma outra entidade em Espanha”, disse Paulo Macedo, citado pela Lusa. Sem especificar o número de vacinas detectadas, o ministro garantiu apenas que o mesmo “não é significativo”. Acrescentou que os indícios de que tem conhecimento apontam para inexistência de perigo para a saúde pública, mas não assegurou que quem recebeu as vacinas não corre riscos. O processo de investigação prossegue.
Aplicação para poupar na receita
O Infarmed apresentou hoje uma aplicação mobile gratuita que permite às pessoas com smartphones consultar, de forma rápida, os preços dos medicamentos. A aplicação Poupe na Receita permite aceder aos preços dos fármacos, “de modo a facilitar a identificação de opções mais baratas” para a substância activa prescrita pelo médico, explica o Infarmed, em nota de imprensa. A aplicação permite ainda visualizar o folheto informativo do medicamento, consultar as novidades e alertas sobre fármacos e produtos de saúde, localizar farmácias e criar um plano de tomas de medicamentos. Vai ficar disponível para sistemas iOS e Android e funciona quer em modo online, quer em modo offline. “O download está disponível para iPhone na AppStore e muito em breve na PlayStore da Google”, acrescenta o Infarmed.