Rita Ricôt é investigadora universitária e sabe por experiência diária que as colinas de Lisboa são um mito. Sabe que o segredo para começar é experimentar e insistir durante algum tempo, porque compreende que é natural que os primeiros dias possam ser desafiantes (como em qualquer coisa nova que se experimenta). Aconselha a pensar, também, se a bicicleta em que já experimentaram ou tencionam experimentar será mesmo a bicicleta adequada. “É incrível o que ter um quadro do tamanho adequado e o selim e guiador na altura certa, por exemplo, pode fazer pela experiência de andar de bicicleta!”, conclui uma das primeiras Bike Buddy da MUBi.
O que te levou a começar a usar a bicicleta para te deslocares?
Foi tudo muito natural e sem grandes reflexões sobre o assunto. No meu círculo de amigos havia já bastantes a usar a bicicleta como principal meio de transporte na cidade e, como eu tinha uma bicicleta mesmo à espera de ser usada, decidi experimentar. Como foi tudo super fácil logo no início, e melhor relativamente a qualquer outra forma de me deslocar, já não deu para voltar atrás.
De que forma usas a bicicleta à sexta-feira?
Uso para tudo! Para ir para o trabalho, sair à noite, para tudo.
Como te deslocavas antes?
Principalmente a pé e de transportes públicos.
Que tipo de bicicleta ou equipamento utilizas?
Tenho um orgulho imenso na minha Bianchi. É uma estradeira à qual fiz umas adaptações para circular na cidade, como um guiador mais alto (para ter mais visibilidade sobre o trânsito). Também gosto muito de uma pasteleira antiga que uso com alguma frequência. De resto não uso mais equipamento, a não ser um saco mesmo muito útil dos meus amigos da Bashô Cycling Club. É um saco tipo alforge, que posso fixar ao guiador da bicicleta e assim não preciso de carregar uma mochila às costas.
O que poderia melhorar nos percursos que realizas?
Sinceramente, só o volume de tráfego automóvel. São mesmo muitos carros, em algumas avenidas andam demasiado rápido, há muito barulho... Gostava que a cidade estivesse mais feita para as pessoas. Talvez estejamos a caminhar para lá e penso que, se agirmos cada vez mais cedo, em termos de educação para a cidadania, e tivermos coragem para implementar as medidas necessárias ao código da estrada, entre outras coisas, com certeza chegaremos lá.
Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?
Talvez os vereadores da mobilidade das câmaras municipais e a malta que desenha e implementa as ciclovias e as questões de regulamentação do trânsito que afectam os ciclistas. Gostava que essas pessoas andassem regularmente de bicicleta, que fosse o seu meio de transporte principal, porque às vezes parece mesmo que não sabem o que andam a fazer, que não têm uma ideia das necessidades reais dos ciclistas nem dos factores que tornam andar de bicicleta algo mais seguro e confortável, também.
Um momento em que te sentes mesmo bem a andar de bicicleta.
De vez em quando gosto de ter espaço para "andar bem", ou seja, de rolar com velocidade, portanto ter uma estrada para poder fazer isso deixa-me mesmo contente! É o caso de quando, por exemplo, saímos da cidade para uma volta maior, pelas estradas nacionais.