Raptos em Moçambique voltam, depois de período de acalmia

Quatro casos numa semana. Três em Maputo e um na Beira, onde foi sequestrada uma criança.

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Medo dos raptos volta às principais cidades de Moçambique Nelson Garrido

Nenhum dos recentes raptos envolve cidadãos portugueses, segundo informação obtida pelo PÚBLICO em Maputo, junto de fonte da comunidade que não quer ser identificada.

No caso da Beira, relatado pelo jornal O País, a criança, “aparentemente de oito anos”, foi raptada no Bairro de Esturo, por três homens que ameaçaram os ocupantes do carro com uma pistola e agrediram o motorista, junto à porta do quintal da casa de familiares, aonde acabavam de chegar.

O primeiro dos mais recentes casos ocorreu na sexta-feira, 10 de Janeiro, quando o proprietário de uma loja de venda de capulanas foi raptado em Maputo por homens armados, que feriram a tiro o seu motorista. No domingo, foi sequestrado outro homem, no município de Matola, cidade-satélite de Maputo. E na última terça-feira um empresário moçambicano foi raptado à porta de casa, no Bairro de Sommerschild, zona abastada da capital, perto da embaixada norte-americana e da Presidência da República.

A imprensa moçambicana identifica os adultos raptados na última semana como cidadãos de ascendência hindu.

Os sequestros com o objectivo de conseguir resgates começaram a tornar-se frequentes em Moçambique desde 2011. O número de ocorrências entre Julho de 2011 e Setembro de 2013 foi quantificado pelo Governo em 64. Em Setembro e Outubro registou-se um pico de ocorrências, que criou alarme social. Alguns dos casos ocorridos nessa altura visaram pessoas com nacionalidade portuguesa.

Durante muito tempo, as vítimas foram, essencialmente, cidadãos com elevada capacidade financeira e actividade comercial ou industrial. Mais tarde começaram a ocorrer episódios envolvendo pessoas com rendimentos pouco elevados. Para além dos raptos, multiplicaram-se ameaças telefónicas como forma de extorsão, em Maputo e noutras cidades do país. O caso que mais abalou o país, e levou a inéditas manifestações de rua em várias cidades, foi o assassínio de um adolescente na Beira, em Outubro de 2013.
 

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