Cass McCombs, cantor luminoso, cantor assombrado, de regresso a Portugal
O músico americano, nome maior da música americana da última década, toca em Lisboa, Aveiro e Vila Nova de Famalicão
O azarado cancelamento do concerto de 2013 acabou por conferir ao desta noite um atractivo suplementar. É que entretanto McCombs editou novo álbum, o imenso Big Wheel And Others. Imenso em dois sentidos: falamos de um álbum duplo com 65 minutos de duração; falamos de um álbum que abarca toda a criatividade exposta nos seis álbuns anteriores do americano e que acaba por funcionar como compêndio de uma carreira que, longe dos holofotes mediáticos, tem vindo a impor-se pelo passa-palavra dos convertidos.
Nascido em 1977, músico errante incapaz de se fixar num mesmo sítio durante muito tempo, Cass McCboms tem uma voz única. As suas canções estão repletas de cenários e jogos de palavras inesperados e são atravessadas por um sentido de morte tão recheado de tragédia quanto de humor. Desde a estreia com A, em 2003, ouvimo-lo fazer delas um palco em que coexiste a música americana de raízes mais profundas, o rock caído em psicadelismo (como no fascinante Dropping The Writ), o country revisto pelo olhar de um diletante (como no tocante Catabombs) ou fantasmas de uma soul vaga assombrando a alma de um cantautor (como na obra-prima Wits’ End).
Depois de actuações na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, em 2011, e no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, durante o Vodafone Mexefest do ano seguinte, o momento do reencontro. Cass McCombs virá acompanhado pelo guitarrista Jon Shaw, pelo baixista Dan Lead e pelo baterista Dan Allaire. Cass McCombs, nome maior da música americana da última década, virá. Não precisamos de saber mais nada.