Eurodeputados unânimes sobre dever de “obrigação internacional” no caso do transbordo de armas químicas
A socialista Ana Gomes concorda que Portugal deve cumprir as "obrigações internacionais" e aceitar um eventual pedido para o transbordo de material químico proveniente da Síria num porto nos Açores. "Em princípio, sou a favor de que Portugal cumpra com as suas obrigações de cooperação internacional, como país membro das Nações Unidas, para a resolução do conflito na Síria e também com as suas obrigações como aliado dos seus parceiros europeus e dos EUA, no quadro da NATO", disse a eurodeputada aos jornalistas, em Estrasburgo.
Ana Gomes realçou que, como nesta situação existe “um mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, ou seja, “um pedido assumido" pelos Estados Unidos às autoridades nacionais, Portugal deve considerar o pedido “favoravelmente”. A eurodeputada acrescenta que esta pode ser “uma boa maneira de Portugal limpar a imagem que ficou claramente suja - a imagem dos Açores e de Portugal - com a participação e o acolhimento da cimeira da guerra para a invasão do Iraque em 2003".
O social-democrata Mário David, que também é a favor da participação portuguesa na eliminação de armas químicas, criticou o facto de Portugal ter divulgado o contacto feito pelos EUA para avaliar a possibilidade da operação. Para o eurodeputado, “Portugal não deve divulgar que recebeu um pedido dos Estados Unidos, porque são questões de segurança internacional, e até para eventual segurança do espaço nacional, no caso de se vir a verificar esse mesmo transbordo", disse o eurodeputado. “Devemos ser o mais discretos possível ao fazê-lo", alertou.
A eurodeputada comunista, Inês Zuber, concordou com o possível envolvimento de Portugal na eliminação de material químico ressalvando, no entanto, duas condições: um acordo com o Governo sírio e o cumprimento das medidas de segurança: "Se contribuir para a destruição de armas químicas e se for feito em segurança e com o acordo do Governo sírio [com quem as Nações Unidas estão a negociar] achamos que Portugal deve fazer todos os esforços para contribuir" para o processo, disse a comunista. "Portugal deveria dar um sinal para que essas operações não aconteçam só na Síria, mas também noutros países que detêm este tipo de armamento", acrescentou.