Liga Norte publica agenda de ministra italiana da Integração, incentivando ataques
Partido quer forçar demissão de Cécile Kyenge, por ser negra e favorecer a imigração negros.
Kyenge, que é negra – esta médica de 49 anos nasceu no Congo – já foi comparada a um orangotango por um deputado da Liga Norte. Militantes racistas atiraram-lhe bananas e um membro deste partido, liderado por Matteo Salvini, já apelou a uma violação à ministra. Estes insultos são motivados antes de mais não pelas ideias que defende, como a extensão do direito à nacionalidade italiana dos filhos de imigrantes residentes em Itália, mas simplesmente por ser negra.
Enquanto o Partido Democrático (PD), ao qual pertence a ministra, descreveu a iniciativa do jornal La Padania como muito graves, “o assédio moral no limite”, os representantes da Liga Norte louvaram a ideia. O porta-voz da Liga no Senado, Massimo Bitonci, disse que o seu partido vai acabar “por forçar a demissão” da ministra, porque esta “não sabe o que é a integração” e só quer “favorecer os negros”.
Entretanto, o jornal começou a publicar também a agenda do ministro do Desenvolvimento Económico, Flavio Zanonato (que é branco).
Perante as novas agressões verbais, Kyenge respondeu com ironia. “Liga quê?”, relata o jornal La Repubblica. Mas sublinhou a necessidade de a política se erguer para condenar estes ataques, ou então o racismo transformar-se-á numa arma perigosa”.
A ministra continua a insistir que a Itália não é um país racista, embora se verifiquem vagas de intolerância que têm de acabar. Tornando-se no principal alvo da Liga, a ministra da Integração é obrigada a deslocar-se com medidas de extrema segurança que nenhum outro ministro do Governo de coligação dirigido por Enrico Letta necessita.
Um envelope que lhe foi endereçado e que continha uma substância suspeita foi apreendido esta quarta-feira no Palazzo Chigi, a sede do Governo italiano.