BA Vidro e Anchorage negoceiam para salvar La Seda

Grupo português é o maior accionista do grupo químico com sede na Catalunha.

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Carlos Moreira da Silva solicitou a liquidação da empresa no passado dia 2 de Janeiro Fernando Veludo/NFactos

O jornal El Economista, que cita fontes próximas às negociações, refere que o grupo português BA Vidro, maior accionista da La Seda, e o Anchorage procuram chegar a acordo sobre eventuais cortes na dívida para conseguir levantar o pedido de liquidação formulado há duas semanas.

Em causa estão os hair cuts na dívida que a Anchorage e os bancos que a apoiam (Crédit Suisse, HSBC e o Instituto Catalão de Finanças) estariam dispostos a aceitar. Recorde-se que estas entidades controlam mais de 50% da dívida da La Seda e podiam assim bloquear uma primeira proposta da BA Vidro.

A imprensa espanhola refere que a Anchorage teria oferecido à BA Vidro aumentar o perdão da dívida da holding La Seda de 86% para 99% com um crédito sindical de 235 milhões a fazer parte desse acordo, o que permitiria à empresa portuguesa manter o controlo da matriz.

Em contrapartida a essa concessão os bancos credores reclamam a devolução de 100% dos créditos com as várias filiais da La Seda que são as que ainda contam com activos capazes de gerar rentabilidade.

Em especial destaca-se a divisão de embalagem do grupo químico La Seda de Barcelona, sociedade avaliada em mais de 200 milhões de euros e que ainda gera lucros.

Essa é, precisamente, a empresa que mais interessa à BA Vidro, grupo especializado no fabrico e venda de embalagens de vidro.

Na semana passa a edição catalã do jornal El País avançou que o grupo português Logoplaste ofereceu 175 milhões de euros para comprar essa divisão de embalagem da La Seda de Barcelona, grupo que está em concurso de credores desde o Verão.

A edição catalã do jornal El País revela que a oferta da Logoplaste está incluída na documentação que a direcção da La Seda remeteu ao tribunal mercantil 1 de Barcelona para abrir a fase de liquidação.

A proposta abrange toda a unidade produtiva denominada APPE, que inclui activos avaliados entre 200 e 250 milhões de euros, entre os quais as unidades de Toledo, Reino Unido, França, Alemanha, Turquia, Marrocos e Bélgica.

Inclui ainda os direitos de propriedade intelectual e os segredos industriais, segundo o jornal.

A La Seda solicitou a sua liquidação no passado dia 2 de Janeiro, decisão comunicada pelo presidente do grupo químico, o português Carlos Moreira da Silva, à Comissão Nacional de Mercado de Valores.

A decisão surgiu depois da falta de consenso entre as entidades que têm apoiado financeiramente a empresa, nomeadamente o fundo Anchorage, relativamente a uma proposta para hair cuts de até 86% na dívida.

Em troca o principal investidor, a BA Vidro, comprometia-se a injectar 40 e 100 milhões de euros na empresa.

Mesmo com esta eventual venda o 'buraco' patrimonial da empresa poderia ultrapassar os 111 milhões de euros, segundo estimativas do administrador do concurso.