O prémio que a maioria dos poetas quer ganhar foi para a irlandesa Sinéad Morrissey
Com o prémio atribuído a Parallax, Sinéad Morrissey junta-se, aos 41 anos, a uma lista que inclui poetas como Ted Hughes ou Seamus Heaney.
Quer em termos de prestígio – o poeta Andrew Motion descreveu-o como “o prémio que a maioria dos poetas quer ganhar” –, quer em termos financeiros, com uma dotação monetária de 15 mil libras (cerca de 18 mil euros), o T. S. Eliot é provavelmente o mais importante prémio atribuído à poesia inglesa e irlandesa. E este ano era ainda mais apetecível, porque os seus promotores – a Poetry Book Society, com o auxílio financeiro dos herdeiros de T. S. Eliot – decidiram comemorar a 20.ª edição com pompa e circunstância, organizando uma série de recitais em diversas cidades, com a colaboração de dezenas de poetas.
O júri era este ano presidido pelo poeta Ian Duhig, que salientou a beleza formal da escrita de Morrissey, e incluía ainda as poetas Imtiaz Dharker – uma autora escocesa de origem paquistanesa – e Vicki Feaver, que descreveu Parallax como “uma meditação em torno dessa ideia”, evocada no título do livro, “de se olhar para as coisas a partir de diferentes ângulos”.
Aos 41 anos – nasceu em 1972 em Portaland, na Irlanda do Norte –, Sinéad Morrissey tem um percurso criativo que pode fazer lembrar o de Terrence Malick no cinema: precisa de grandes intervalos entre cada obra, mas cada uma delas é reconhecida pela crítica como um feito estético notável e inovador. Aos 18 anos, tornou-se o mais novo poeta de sempre a ganhar o Prémio de poesia Patrick Kavanagh, atribuído a obras inéditas, mas nunca publicou esses poemas escritos na adolescência e, segundo mais tarde confessaria numa entrevista, muito influenciados pelo “perigoso feitiço de Sylvia Plath”.
O seu livro de estreia, There Was Fire in Vancouver, só sairia em 1996, já depois de Morrissey ter concluído os seus estudos universitários, e recebeu o Prémio Eric Gregoy, para autores com menos de 30 anos. Cinco anos depois, em 2001, a autora regressava com Between Here and There, que recebeu o Prémio Rupert and Eithne Strong e foi finalista do Prémio John Llewelly-Rhys. Foi também a primeira obra de Morrissey a chegar à exigente short list do Prémio T. S. Eliot, um feito que todos os seus livros posteriores, sem nenhuma excepção, iriam repetir.
The State of the Prison (2005) ganhou ainda o Prémio Michale Hartnett, e Through the Square Window (2009) foi distinguido com o Prémio Poetry Now e chegou à final não apenas do Prémio T. S. Eliot, mas também de outro importante prémio de poesia, igualmente destinado a livros publicados no Reino Unido e na Irlanda, o Forward. E o poema Through the Square Window, que dá título a este seu quarto livro de poemas, já tinha ganho a National Poetry Competition em 2007, à qual concorrem anualmente cerca de dez mil poemas de língua inglesa enviados por autores de todo o mundo.
Em Parallax (2013), publicado, tal como todos os seus livros anteriores, pela editora Carcanet, Sinéad Morrissey evoca a sua infância na Irlanda do Norte, mas a grande fonte de inspiração do livro é a sua paixão por fotografias antigas. Parallax, diz o respectivo texto de divulgação no site da Carcanet, aborda “o que se capta e o que se perde” quando cidades, casas e pessoas são “capturadas no tempo pela fotografia (ou pela poesia)”.
Depois de ter vivido em paragens tão distantes como o Japão ou a Nova Zelândia, Morrissey regressou à Irlanda do Norte e é hoje professora de escrita criativa no Seamus Heaney Centre, em Belfast.
Entre os restantes nove finalistas desta 20.ª edição do Prémio T. S. Eliot – todos eles receberam um prémio de mil libras por chegarem à short list –, contavam-se dois anteriores vencedores: Anne Carson e George Szirtes. E ainda Robert Symmons, cujo livro Drysalter já tinha ganho o Prémio Forward 2013 quando foi seleccionado para a final do Prémio T. S. Eliot.
Desde a sua criação, em 1993, o prémio agora atribuído a Sinéad Morrissey já tinha consagrado poetas como Paul Muldoon, Ted Hughes, Hugo Williams, Carol Ann Duffy, ou os prémio Nobel Derek Walcott e Seamus Heaney.