Infanta Cristina não recorre e vai responder ao juiz por suspeitas de fraude fiscal

Advogados garantem que a filha do rei de Espanha não tem nada a esconder e que rejeita as acusações de que é alvo no processo que envolve o marido, conhecido como "caso Nóos".

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O casal fotografado junto em 2007 ALBERT GEA/REUTERS

A informação, citada pelo El País, foi confirmada pelos advogados da infanta Cristina num comunicado em que pedem que a audição seja feita o quanto antes. De acordo com o El Mundo, a data marcada, se não for alterada, é 8 de Março. Os advogados tinham até quarta-feira para apresentar um eventual recurso sobre as acusações vindas a público nesta semana, que poderia impedir que comparecesse em tribunal.

De acordo com o escritório de advogados liderado por Miquel Roca, a filha do rei de Espanha não tem nada a ocultar perante o juiz e rejeita as acusações que lhe são imputadas, pelo que comparecer em tribunal, dizem, não significa que abdiquem de algumas das consequências de um recurso. A infanta já está em Madrid desde sexta-feira a preparar a sua defesa, mas um porta-voz da Casa Real não quis confirmar se passou a noite na Zarzuela.

O juiz José Castro passou nove meses a investigar as contas da filha do rei de Espanha, reconstruindo a sua vida financeira e tributária, e considera que há “indícios fundamentais de culpabilidade”. Cristina é suspeita de saber das actividades do marido e de ter mantido “uma atitude própria de quem olha para o lado”, pactuando assim com o desvio de 5,8 milhões de euros de que Urdangarín e o seu sócio, Diego Torres, são acusados.

O processo que tem o genro do rei no centro é conhecido como "caso Nóos", nome da fundação desportiva sem fins lucrativos que Urdangarín geriu durante anos e que terá usado para desviar dinheiro.

Através do Instituto Nóos, Urdangarín celebrou contratos com municípios, obtidos graças ao seu lugar na família real, cobrando serviços que não realizava e passando facturas falsas. Parte deste dinheiro acabou na Aizoon, uma sociedade patrimonial detida pelo casal. Ao longo dos anos, Cristina fez vários pagamentos com cartões de crédito da Aizoon, usando assim parte do dinheiro desviado pelo marido.

A Casa Real cortou com Iñaki de Urdangarín no final de 2011, logo depois da acusação formal. Ao decidir permanecer casada, a infanta agora acusada no mesmo processo, teve de se afastar dos actos oficiais, da própria família e de Espanha. O plebeu que se tinha tornado no desportista da família – Iñaki é ex-campeão olímpico de andebol – depressa caiu em desgraça e a Zarzuela chegou a descrever a sua conduta como “pouco exemplar”.

E a própria infanta tem recebido cada vez menos apoio junto da opinião pública. A opinião dos espanhóis, por exemplo, mudou de forma significativa. Em Dezembro de 2011, 88% dos inquiridos numa sondagem do instituto Sigma Dos para o El Mundo apoiavam a gestão que a Casa Real fazia do processo; agora, 83,4% criticam essa gestão e 93% têm má impressão do casal (64,8% da infanta). Pior: 70% vêem motivos para acusar a infanta e 90,1% consideram que a justiça não é igual para todos.

Iñaki apagado do site real
Três anos se passaram desde que Iñaki foi indiciado. Na altura, o genro de Juan Carlos trabalhava na Telefónica e a família vivia em Washington. Para responder ao processo, o casal e os seus quatro filhos regressaram a Espanha. Desde o Verão passado que Cristina vive em Genebra, onde trabalha para a Fundação La Caixa e para a Fundação Aga Khan, e ali vive com os filhos. Iñaki mantém residência oficial em Barcelona.
 
 

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