Por acaso até há uma diferença fundamental entre o cenário de Uma Separação (Teerão) e o cenário de O Passado (Paris). E com essa diferença perde-se o que dava peso e angústia à história de um casal em crise: Uma Separação não era só um melodrama conjugal, era o relato, feito nas margens do não-dito, de uma “separação” social entre o Irão laico e “ocidentalizado” e o Irão religioso e atávico. O Passado perde esse envolvimento, para ficar com o coração melodramático, irrepreensivelmente conduzido mas muito mais uma questão de eficácia do que no filme precedente. E eficaz Farhadi continua a ser, mas agora num objecto muito mais perdido, e nesse sentido, sim, “desenraizado”, que em última análise resulta, sobretudo, frustrante.
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