Violência no Bangladesh em véspera de eleições
Pelo menos 30 assembleias de voto incendiadas. Oposição chama à votação “farsa”.
Há relatos de ataques em 30 a 60 assembleias de voto. Administradores de províncias garantem que as eleições vão seguir em frente, apesar das assembleias destruídas, muitas delas em escolas e outros edifícios públicos.
Muitos opositores têm sido mortos por tiros da polícia, e muitas outras pessoas têm morrido vítimas de cocktails Molotov atirados por manifestantes a autocarros ou pessoas que pareçam desafiar a greve geral de 24 horas convocada para este fim-de-semana.
Num hospital de Dhaka, o diário britânico Guardian falou com o filho de uma destas vítimas – um homem de meia-idade atingido por um cocktail Molotov depois de se deparar com um bloqueio na rua, quando conduzia a sua pequena carrinha que usava para vender cebolas. Gravemente queimado, está a lutar por sobreviver.
“Quem posso culpar?”, perguntava o filho de 19 anos, Mohammed Liton Islam. “Os partidos da oposição têm pedido bloqueios, por isso devem ter sido os seus apoiantes que fizeram isto. Mas o Governo não preparou uma eleição como deve ser. Ambos são responsáveis.”
O sentimento é comum no hospital, onde entram feridos com histórias semelhantes todos os dias, nos bazares, lojas, em muitos locais no país de 150 milhões.
A oposição boicotou o que a líder chamou uma “farsa escandalosa” e apelou a uma greve de dois dias. A líder da oposição, Khaleda Zia, do Partido Nacionalista do Bangladesh, acusa ainda o Governo de a ter posto em prisão domiciliária, o que as autoridades negam.
EUA e UE recusaram-se a enviar observadores eleitorais, o que levantou ainda mais questões sobre o processo. Com o boicote da oposição, é óbvia a vitória da primeira-ministra Sheikh Hasina. As duas intensas rivais políticas Hasina Wajed e Khaleda Zia têm alternado entre Governo e oposição durante a maior parte das últimas duas décadas.
Desde 1991, as eleições têm sido levadas a cabo por uma administração neutra para assegurar que não há irregularidades. Em 2010, o Governo usou a sua maioria no Parlamento para abolir esta exigência, dizendo que não era já necessária. Este ano, no entanto, o país conheceu a maior violência política desde a sua criação, em 1971 - após uma guerra de cisão com o Paquistão - com 300 a 500 mortos, dependendo das fontes, diz a AFP. Desde Outubro, por causa das manifestações pré-eleitorais, terão morrido 140 pessoas.