Os casos de empresas em dificuldades que marcaram 2013

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Moviflor foi declarada oficialmente como insolvente PÚBLICO

Enquanto crescia em África, a Moviflor ruía em Portugal
No mesmo ano em que inaugurou a primeira loja em Moçambique, as dificuldades da empresa de imobiliário começaram a fazer-se sentir em Portugal. Em 2012, a Moviflor fechou três lojas e começou a falhar o pagamento de salários. Em Maio deste ano, acabou por recorrer ao Processo Especial de Revitalização (PER), tendo justificado a decisão com “o intenso e prolongado clima de crise económica e financeira” no país. Nessa altura, a empresa acumulava dívidas superiores a 147 milhões de euros a quase 1500 credores. A grande fatia (no valor de 35,1 milhões) era devida ao fisco e à Segurança Social, mas o maior lesado em termos individuais era o Banif, com 28,5 milhões em falta. O plano de recuperação da Moviflor, que foi aprovado pela maioria dos credores em Novembro, implica a supressão de 325 postos de trabalho e o encerramento de cerca de meia dúzia de lojas em Portugal, não afectando a actividade em Moçambique e em Angola (o primeiro mercado internacional onde investiu, em 2008). Fundada em 1971, a empresa obteve a 16 de Dezembro “luz verde” do Tribunal do Comércio de Lisboa para avançar com o PER. Os trabalhadores têm vindo a contestar os impactos do plano de recuperação com concentrações à porta dos estabelecimentos comerciais.

A luz apagou-se em muitos cinemas da Socorama
O segundo maior exibidor de cinema em Portugal pediu a insolvência em Fevereiro, depois de ter encerrado 66 das suas 106 salas e de ter avançado com o despedimento de 98 pessoas. O processo foi motivado por dívidas de 12 milhões de euros, repartidas por promotores imobiliários, bancos, Estado e trabalhadores. O objectivo do administrador da empresa, que ficou apenas com 71 funcionários, é a recuperação financeira. Grande parte dos ecrãs abandonados pela Socorama este ano foram ressuscitados em Agosto pela Orient Cinemas, detida e liderada pelo brasileiro Aquiles Mônaco.

A herança da Ambar poderá não voltar a ser a mesma
Sob a liderança da filha do fundador, que morreu em 1996, a empresa de artes gráficas e papelaria viu-se confrontada com um Processo Especial de Revitalização (PER), movido por 30 trabalhadores em Fevereiro deste ano. Reduzida a pouco mais de uma centena de funcionários, quando chegou a ter mil, e debatendo-se com uma queda acentuada nas receitas, a Ambar foi condenada à falência pelos dois administradores judiciais nomeados pelo tribunal para acompanhar o caso. No entanto, o director de recursos humanos e a directora financeira da empresa (que lideravam o grupo de 30 trabalhadores que interpuseram o PER no início do ano) puseram mãos à obra e apresentaram um plano de recuperação que passa pela entrada da capital de risco Explorer na estrutura accionista da empresa. O objectivo é salvar 105 dos 140 postos de trabalho e, para tal, uma grande fatia da dívida da Ambar (que ronda os 19 milhões de euros) será perdoada. Apesar de um dos maiores credores, o BCP, ter chumbado o plano e pedido a impugnação judicial do mesmo, o voto favorável da herdeira, Isabel Barbosa, salvou a recuperação da empresa fundada no Porto, em 1939.

Conforlimpa arrastada por processo contra presidente
Arrastada pelas acusações que recaíram sobre o presidente do grupo, a Conforlimpa pediu a insolvência em Março deste ano para evitar o arresto de bens decretado pelo tribunal na sequência do processo que envolve Armando Cardoso. A empresa de serviços de limpeza, que chegou a ser o sétimo maior empregador nacional com perto de dez mil postos de trabalho, dispensou metade dos funcionários no espaço de poucos meses. Já o seu líder, que foi acusado de fraude fiscal no valor de 42 milhões de euros, voltou a ser detido em meados de Dezembro, depois de ter estado praticamente todo o ano em prisão domiciliária. Armando Cardoso, que tem negado as acusações de que é alvo, está preso preventivamente por terem sido recebidas denúncias anónimas que davam conta de pressões exercidas sobre testemunhas deste caso.

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