Três símbolos da revolução condenados no Egipto

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Em tribunal, Maher e Doma mostram uma T-shirt onde se lê “Abaixo a lei das manifestações” Mahmoud Khaled/AFP

A justiça tem sido rápida nestes casos. Ahmed Maher (do Movimento 6 de Abril), Ahmed Doma e Mohamed Adel foram acusados por terem protestado contra uma nova lei que limita o direito à manifestação no Egipto e por terem atacado as forças de segurança. O protesto foi considerado ilegal. Para além das penas de três anos de prisão, os três terão ainda de pagar uma multa de 5200 euros.

há mais detidos e acusados mas estas são as primeiras condenações de manifestantes não islamistas desde o golpe militar que derrubou Mohamed Morsi, o primeiro chefe de Estado escolhido em eleições livre na história do país. Na altura, todos os agora condenados apoiaram os militares, acusando o Presidente islamista de ter traído a revolução de 2011.

Esta é também a primeira sentença saída da polémica lei das manifestações que o governo interino, nomeado pelos generais, aprovou em Novembro. A lei prevê penas sevaras para quem violar as ordens do Ministério do Interior e entrega a este a capacidade de proibir qualquer protesto.

E, de repente, islamistas e jovens revolucionários vêem-se de novo do mesmo lado da barricada. Tanto a Irmandade Muçulmana como vários movimentos revolucionários lançaram campanhas de desobediência civil contra a nova lei. Maher, Doma e Adel foram acusados depois do primeiro acto desta campanha, uma manifestação diante do Senado a 30 de Novembro. A polícia dispersou o protesto à força e houve confrontos.

“Abaixo, abaixo o governo militar”, gritaram os condenados e alguns dos que assistiram à leitura da sentença. “Somos um país, não um quartel”, gritou-se também.

O porta-voz do Movimento 6 de Abril (assim chamado desde um protesto em 2008, no aniversário de Mubarak), Khaled al-Masry, disse ao jornal Al-Ahram que esta sentença é uma “vingança contra a revolução de 25 de Janeiro”. Amr Ali, do mesmo movimento, falou de “um regresso às velhas práticas repressivas e ao Estado repressivo de Mubarak”.

Sábado, foi a vez de Morsi saber que será acusado num terceiro processo por ter alegadamente planeado com o Hamas palestiniano e com o Hezbollah libanês o assalto a uma prisão para libertar vários líderes islamistas. O Presidente derrubado já tinha sido acusado de incitar à violência contra opositores e por espionagem.

O endurecimento da repressão é uma evidência e já não faz distinções. Grupos como o 6 de Abril apelaram a uma manifestação já nesta segunda-feira, “contra a lei das manifestações e pela libertação dos militantes”.

Também já correm apelos para um grande protesto a 25 de Janeiro, três anos depois da primeira manifestação que encheu a Praça Tahrir do Cairo e marcou o início do fim de Mubarak – ainda não do regime militar que desde a independência domina a política no país. 

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