Partido Democrático da Tailândia vai boicotar as eleições

A contestação ao Governo da primeira-ministra Yingluck Shinawatra abriu uma crise política que os militares temem poder degenerar em guerra civil.

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Candidatos do Partido Democrático decidiram não participar na eleição REUTERS/Chaiwat Subprasom

Explicando a decisão do partido numa conferência de imprensa, esta manhã, o líder, Abhisit Vejjajiva, classificou a política tailandesa como um “falhanço”. “A população perdeu a confiança no sistema democrático”, disse. A participação do Partido Democrático na eleição, prosseguiu, só iria “legitimar” um regime que “distorceu” o funcionamento do sistema – os candidatos decidiram unanimemente retirar os seus nomes da votação.

A contestação ao Governo de Yingluck Shinawatra tem atraído milhares de pessoas para a rua na capital, Banguecoque, desde meados de Novembro. O movimento começou em reacção a uma proposta de amnistia, aprovada pela câmara baixa do Parlamento: segundo a oposição, a lei destinava-se a permitir o regresso ao país de Thaksin Shinawatra, o antigo primeiro-ministro, que partiu para o exílio para evitar a condenação por corrupção e que é irmão da actual líder do Governo.

Abhisit Vejjajiva, que também foi primeiro-ministro, participou em várias das manifestações convocadas pelo movimento de oposição encabeçado por um antigo dirigente do seu partido, Suthep Thaugsuban, sobre quem recai um mandado de detenção. O líder do Partido Democrático não disse, até agora, se a organização concorda com o apelo de Thaugsuban à suspensão da democracia e constituição de um “conselho do povo”, não-eleito, que teria a responsabilidade de reformar as instituições do país.

“O Governo está consciente da necessidade de reformas no país. Mas essas reformas têm de ser feitas no cumprimento dos princípios democráticos”, declarou Yingluck Shinawatra, numa declaração televisiva ao país, este sábado. A primeira-ministra rejeitou todos os apelos à demissão do seu Governo, mas comprometeu-se a formar um “conselho consultivo”, onde teriam assento todos os intervenientes políticos do país, após a eleição. O seu partido, Puea Thai, no poder desde 2001, é o favorito à vitória na votação de 2 de Fevereiro.

Numa entrevista publicada hoje no diário Bangkok Post, o chefe das Forças Armadas tailandesas, general Prayuth Chan-ocha, manifestou a sua preocupação com a tensão política no país, alertando para a possibilidade de eclosão de uma guerra civil.

Os militares – que, no passado, participaram activamente no processo político, nomeando e destituindo Governo, nomeadamente o de Thaksin Shinawatra – têm mantido a neutralidade e recusado interferir, a não ser para garantir a segurança, na actual revolta popular.

Mas, em alternativa às propostas apresentadas pela oposição, o general Prayuth Chan-ocha avançou ao Bangkok Post a sua solução para pôr fim às divisões políticas da Tailândia: uma assembleia popular, composta apenas por representantes civis e independentes dos partidos, que sejam porta-vozes das diferentes sensibilidades do país. “Não pode ser organizada ou patrocinada por nenhum dos grupos em conflito, porque se assim fosse não seria reconhecida pelo outro lado. Tem de originar de um consenso público”, indicou, sem dar mais detalhes.
 

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