Não há futuro sem sonho, não há sonho sem cultura

Não há pior previsão para o futuro de um país do que a de um despido de movimento cultural no presente

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Sudden Fiction/Flickr

Não há em Portugal pior cenário do que o da cultura. A notícia de que o governo se prepara para despedimentos neste sector e para uma redução de 10 milhões no novo orçamento de estado deve preocupar todos. Para mim fica claro o gradual desmoronamento do nosso património.

Como cientista, não deixa de me preocupar o bloqueio do financiamento para a investigação, a falta de posições permanentes para investigadores e a trapalhada que é a Fundação para a Ciência e Tecnologia, evidente no último concurso para investigadores. Mas devo confessar que o estado da cultura me preocupa bem mais.

As limitações financeiras das famílias já são “per se” um impedimento para que possam usufruir, da forma que desejariam, de ver uma peça de teatro, ir ao cinema, visitar um museu, comprar um livro… Creio que não vale a pena ir mais além. Não há pior previsão para o futuro de um país do que a de um despido de movimento cultural no presente.

A ideia de que a cultura serve apenas para entretenimento tem sido permanente no nosso país. Evidente com a despromoção do Ministério a Secretaria de Estado. É um engano. A cultura permite-nos viver, fantasiar, sonhar. Dos sonhos sai o desenvolvimento, o progresso, o futuro. A prática de uma ideia absurda que acaba numa grande descoberta! A cultura abre-nos as portas para o mundo, portas que parecem cada vez mais fechadas em Portugal. Como está esquecida a importância da cultura no ensinamento de valores como o respeito! Respeito por nós, respeito pelos outros. Não há futuro sem respeito, não há futuro sem sonho, não há sonho sem cultura.

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