El Mundo revela que dois jornalistas espanhóis foram raptados na Síria

Javier Espinosa, correspondente do El Mundo, e o fotógrafo independente Ricardo Garcia Vilanova foram capturados no dia 16 de Setembro.

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Javier Espinosa e Ricardo Garcia Vilanova queriam contar ao mundo "o sofrimento dos sírios" AFP

Javier Espinosa, correspondente do El Mundo, e o fotógrafo independente Ricardo Garcia Vilanova estão presos desde o dia 16 de Setembro pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), um grupo afiliado à Al-Qaeda.

Integrados num grupo de rebeldes que combate o regime de Bashar al-Assad, os dois jornalistas preparavam-se para abandonar a Síria depois de fazerem duas semanas de reportagem sobre “as consequências da guerra nos civis”, na região de Deir Ezzor (Leste), quando foram raptados, refere o El Mundo. Aquele ocorreu no checkpoint de Tal Abyad, na província de Raqqa, a pouca distância da fronteira com a Turquia.

Apesar dos obstáculos imensos que encontraram na cobertura do conflito, os dois repórteres “estavam determinados a contar a história do povo sírio e da crise humanitária devastadora que este enfrenta”, indicaram os seus familiares, num comunicado citado pelo jornal.

Javier Espinosa já tinha estado uma dezena de vezes na Síria desde o início da revolta contra o Presidente Assad, em Março de 2011, que se transformou numa guerra civil que já fez mais de 125 mil mortos. No dia 22 de Fevereiro de 2012, Espinosa sobreviveu ao bombardeamento que matou a jornalista americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Rémi Ochlik, no bairro de Bab Amr, em Homs (centro), recordou a sua mulher, Monica Prieto, na segunda-feira, numa conferência de imprensa em Beirute. Decidiu, então, ficar naquele bairro até que o último civil saísse.

Ricardo Garcia Vilanova, que trabalhou para vários meios de comunicação internacionais, incluindo o New York Times, a Newsweek, Le Monde, El Mundo e a AFP, já tinha sido raptado uma vez por homens do EIIL, quando fazia uma reportagem em Alepo (Norte).

Os dois homens queriam contar ao mundo “o sofrimento dos sírios”. “Acreditamos que o povo sírio precisa do nosso trabalho”, disse Monica Prieto, também ela jornalista que cobre há muitos anos o Médio Oriente.

Desde o início do conflito, 27 jornalistas e 91 jornalistas não-profissionais sírios já morreram no terreno, segundo as contas da organização Repórteres Sem Fronteiras, que considera a Síria como o país mais perigoso do mundo para esta classe profissional. Segundo a mesma organização, mais de 60 jornalistas ou cidadãos-jornalistas estão presos, dados como desaparecidos ou reféns, incluindo o americano Austin Tice e os franceses Didier François, Edouard Elias, Nicolas Hénin e Pierre Torrès.

O número de jornalistas estrangeiros raptados é difícil de determinar, porque muitas famílias e governos pedem aos media para não revelar o seu desaparecimento.

"Honrem a revolução"
“Ameaçados pelo EIIL, também os sírios que reportam a guerra fogem do país. (…) Desde o início do mês de Novembro, mais de dez destes [jornalistas] deixaram a Síria para encontrar refúgio na Turquia”, revelou recentemente a Repórteres Sem Fronteiras.

Perseguido por homens do EIIL, Moussab al-Hamadee, um jornalista sírio, fugiu recentemente da sua casa em Hama (Centro), mas permanece a trabalhar na Síria. Para ele, Espinosa e Vilanova “pagaram o pesado preço por defenderem a verdade e o nosso combate pela liberdade e a justiça”, escreveu numa mensagem, citada pela AFP.

Face aos riscos crescentes, a maioria dos media ocidentais deixaram de enviar jornalistas para o Norte da Síria, controlado pelos rebeldes, optando por enviá-los para o país sob protecção de escoltas governamentais fiéis a Assad.

Evocando “um impasse com os raptores, depois de várias semanas de tentativa de mediação”, levada a cabo pelas famílias dos jornalistas e o El Mundo, Monica Prieto lançou um apelo emocionado aos raptores do seu marido e a todos os grupos armados que estão a combater Assad, pedindo-lhes para “honrarem a revolução” e libertarem os dois jornalistas.
 
 

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