Primeira-ministra tailandesa oferece eleições após demissão de deputados da oposição

Manifestantes prometem tentativa final de derrubar o Governo numa acção nesta segunda-feira.

Foto
a primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, numa entrevista a media estrangeiros no seu gabinete Dylan Martinez/Reuters

Depois de uma semana que começou violenta (morreram cinco pessoas e mais de 200 ficaram feridas) mas evoluiu para uma trégua no aniversário do rei, muito reverenciado pela maioria dos tailandeses, a oposição prepara para segunda-feira o que diz ser a última tentativa para derrubar o regime dos Shinawatra, com manifestações a saírem de nove pontos de Banguecoque em direcção à Casa do Governo, o gabinete da primeira-ministra.

O gabinete de onde, em declarações a vários media, incluindo o diário britânico Financial Times, Yingluck Shinawatra disse que estava pronta a marcar novas eleições, se isso servisse para acalmar a tensão no país. No entanto, avisou: “Se os manifestantes ou um grande partido político não o aceitar, ou não aceitar o resultado da eleição, isso só irá prolongar o conflito”.

Os manifestantes, liderados pelo antigo ministro do Partido Democrata Suthep Thaugsuban, já tinham dito que não queriam novas eleições, mas sim o “derrube” do “regime corrupto” dos Shinawatra, que acusam de comprar votos e de assim se manter no poder.

Propõem um conselho popular feito de não políticos – Suthep exclui-se da categoria, por se ter demitido há mais de um mês do seu partido e do cargo de deputado. Os restantes deputados do Partido Democrata, 153 num Parlamento de 500 onde o partido Pheu Thai de Shinawatra tem uma grande maioria, demitiram-se todos este domingo.

“Decidimos demitir-nos para marchar com o povo contra o regime Thaksin”, disse um dos deputados, Sirichok Sopha. Outro deputado, Sansern Samalapa, acrescentou, na sua página no Facebook: “A demissão em massa tem como objectivo negar a legitimidade parlamentar ao regime Thaksin.”

Força eleitoral dos Shinawatra

Os protestos actuais são mais uma erupção de um conflito que dura desde o golpe de Estado que derrubou Thaksin em 2006. Desde então, este foi considerado culpado de um processo de corrupção e para evitar a prisão, foi viver para o Dubai – de onde, diz-se, coordena reuniões de governo via Skype e vários telemóveis.

Desta vez, foi a tentativa do Governo aprovar uma lei de amnistia que permitira o regresso de Thaksin que provocou os protestos, que foram crescendo para exigir a demissão do Governo.

Mas apesar de todas as críticas do Executivo, este deverá vencer novas eleições. Há mais de 20 anos que os democratas, que são o partido mais antigo do país, não conseguem uma vitória eleitoral. Em 2011, Yingluck venceu as eleições com mais de quatro milhões de votos de vantagem sobre os democratas, sublinha Andrew Walker, professor na Universidade Nacional da Austrália, num artigo no Sydney Morning Herald.  

A oposição tem assim apostado nas manifestações, que têm vindo a perder força, tendo mesmo falhado uma mobilização prevista para sexta-feira. Suthep, que tem um mandado de captura por “insurreição”, disse que se entregaria se não conseguisse suficiente mobilização para hoje.
 
 

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