DGS define normas para pesar e medir adultos
Portugueses passarão a ser avaliados apenas em roupa interior pelos médicos, que até aqui não seguiam os mesmos critérios.
A orientação que define a “avaliação antropométrica da pessoa adulta”, esta quinta-feira publicada no site da Direcção-Geral da Saúde (DGS), estipula que sejam feitas duas medições de cada parâmetro (estatura, peso, perímetro da cintura), de acordo com o preconizado pela Organização Mundial da Saúde.
“Apesar de o peso, a altura e o perímetro da cintura deverem ser avaliados por rotina, não havia até hoje uma referência que padronizasse, uniformizasse e normalizasse [estes procedimentos]. E estes são indicadores muito importantes do estado de saúde das pessoas”, explica Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, que, em conjunto com o Departamento de Qualidade na Saúde, propôs esta nova orientação.
“O que é inovador é que, desde Vila Real de Santo António a Viana do Castelo, sempre que alguém entre num consultório, esta avaliação [antropométrica] seja feita da mesma maneira. Este é um passo para que amanhã os profissionais de saúde passem a fazer isto por rotina e para que se tenha informação de qualidade”, acentua.
A orientação define em detalhe as normas a seguir, para garantir a fiabilidade e rigor das medições. Idealmente, refere, “as avaliações serão efectuadas em roupa interior, com a pessoa vestida apenas com uma bata. Se isso não for possível, solicitar-se-á à pessoa que use o mínimo de roupa possível, com cinto desapertado e calças desabotoadas", para que não exista qualquer tipo de pressão na zona abdominal, e "depois de terem sido retirados todos os acessórios e bijuterias".
Além de pedir a autorização, o profissional de saúde "deve explicar claramente o motivo, o tipo e como serão efectuadas aquelas avaliações antropométricas”, as quais serão realizadas em gabinete clínico, de forma a respeitar a privacidade.
A utilização de medições antropométricas é “uma prática corrente nos cuidados de saúde quer como métodos auxiliares na avaliação clínica, quer nas avaliações e rastreios de âmbito populacional”, sublinha o director-geral da Saúde, que assina a orientação.
A estatura e o peso permitem calcular o índice de massa corporal e classificá-lo tal como preconizado pela OMS e a avaliação do perímetro da cintura permite valorizar clínica e epidemiologicamente o peso/obesidade na perspectiva do risco de complicações metabólicas.
“Estas medições têm uma aplicabilidade variável e de crescente complexidade, desde uma simples análise da necessidade de uma pessoa alterar o seu peso à avaliação de risco cardiovascular, à interpretação da evolução ponderal na monitorização de uma doença crónica, como sejam a diabetes e a hipertensão arterial”, acrescenta.
A orientação só padroniza as medidas mais relevantes com impacto na prática clínica, refere o director-geral, lembrando que há outras, como o perímetro da anca, que aqui não consideradas.