Movimento Democrático de Moçambique conquistou Nampula para a oposição
Partido emerge como um possível novo líder da oposição à Frelimo.
Daviz Simango, o presidente reeleito da câmara da Beira e líder do MDM, afirmou que os resultados mostram que “os moçambicanos querem mudanças”, numa conferência de imprensa em Maputo, mas ele quer mais ainda. Anunciou que o seu partido vai recorrer dos resultados em várias autarquias do centro do país e também na capital, segundo diz a edição online do jornal O País, porque houve “violação dos resultados pelos órgãos eleitorais”. Estão nesta lista Gurúè, Mocuba, Milange, Alto Molócuè, Dondo e Marromeu e Maputo.
A Frelimo, o partido no poder, que ganhou todas as eleições desde 1992, quando terminou a guerra civil e foi instituído um sistema multipartidário, reconheceu a derrota em Nampula. “Perdemos uma batalha mas não a guerra”, disse o porta-voz da Frelimo, Damião José, citado pela Reuters. O MDM, por seu lado, declarou Nampula “libertada”.
Os resultados do MDM nestas eleições foram potenciados pela decisão da Renamo, a antiga guerrilha oposta à Frelimo, de não participar, exigindo mudanças no sistema eleitoral que Afonso Dhlakama, o seu líder histórico que está em fuga algures em Moçambique, considera favorecer de forma injusta o partido no poder. Acusa também o Governo de usar o exército moçambicano como uma milícia privada da Frelimo.
Com a Renamo a parecer entrar no ocaso como força política, os resultados destas eleições municipais fazem de Daviz Simango, o líder do MDM, um possível protagonista das eleições presidenciais de Outubro de 2014. “Se a Renamo regressar ao processo político antes das presidenciais, isso poderá dividir o voto da oposição. Mas a alta participação dos eleitores nas zonas com maior votação do MDM e o facto de o partido estar presente e organizado em grande parte do país tornam provável que possam substituir a Renamo como oposição oficial em 2014”, afirmou à Reuters o analista Robert Besseling, analista principal para África da empresa IHS Country Risk.
O actual Presidente, Armando Guebuza, já fez saber se não se recanditará para um terceiro mandato em 2014, mas a Frelimo ainda não anunciou outro candidato – o que sugere a possibilidade de lutas de bastidores no interior do partido, sublinha a Reuters.