Primeira-ministra da Tailândia recebe ultimato para sair do poder
Líderes dos manifestantes anti-governo dão dois dias a Yingluck Shinawatra para "entregar o poder ao povo".
O dia ficou marcado por relatos de que a primeira-ministra já teria deixado o país, mas o Governo desmentiu essa informação. O jornal britânico The Guardian avança que Yingluck Shinawatra foi retirada da sua residência, por precaução, e que está em parte incerta.
Alguns dos 30.000 manifestantes anti-governo que saíram para as ruas de Banguecoque conseguiram assumir o controlo das emissões de várias estações de televisão, para passarem a declaração de Suthep Thaugsuban, que apelou também a uma greve geral da função pública na segunda-feira.
Protestos começaram há oito dias
Há mais de uma semana que as ruas se enchem de manifestantes, mesmo depois de o Executivo ter sobrevivido a uma moção de censura e de a primeira-ministra ter reafirmado que não vai marcar eleições antecipadas.
Apesar da tensão, os protestos tinham sido marcados por alguma calma e contenção. Mas os confrontos de sábado e domingo entre grupos pró e anti-governo fizeram quatro mortos e dezenas de feridos, para além da detenção de várias pessoas.
Na noite de sábado para domingo, os manifestantes foram dispersados com canhões de água e gás lacrimogéneo pela polícia, que tenta proteger os principais edifícios oficiais, para evitar novas invasões como a de sexta-feira. Nesse dia, aquando da invasão do quartel-general do Exército, os manifestantes diziam querer saber de que lado estão as tropas. Isto porque o derrube de governos pelo Exército não seria uma novidade na Tailândia.
Em resposta, um alto dirigente do Ministério da Defesa assegurou que os militares não vão participar em qualquer levantamento desse tipo. "Não há qualquer movimento de tropas ligado à situação actual", garantiu na sexta-feira o general Niphat Thonglek.
Desde o estabelecimento da monarquia constitucional, em 1932, o país passou por 18 golpes ou tentativas de golpes militares, incluindo o mais recente, em 2006, quando o Governo do então primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra, foi derrubado pelo Exército.
Primeira-ministra pede fim das manifestações
O objectivo dos protestos é levar à demissão da primeira-ministra, que dizem ser manipulada pelo irmão, o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, exilado desde 2006.
Por trás da tensão está uma lei de amnistia que a oposição diz ter sido elaborada propositadamente para permitir o regresso ao país do irmão da primeira-ministra. O senado tailandês chumbou o diploma, mas os protestos continuaram.
Na quinta-feira, Yingluck Shinawatra apelou ao fim das manifestações. "O Governo não quer entrar em nenhuns jogos políticos porque acreditamos que isso vai deteriorar a economia", afirmou Shinawatra, afastando o cenário de eleições antecipadas.
O líder dos manifestantes, Suthep Thaugsuban, que é também dirigente do Partido Democrata, rejeita qualquer recuo nos protestos. "Não os vamos deixar trabalhar mais", garantiu.
Aguarda-se uma acalmia da instabilidade popular à medida que se aproxima o aniversário do rei Bhumibol, a 5 de Dezembro, uma data muito respeitada pelos tailandeses.
Os protestos dos últimos dias são os mais significativos desde as manifestações de 2010, promovidas pela Frente Nacional Unida de Democracia contra a Ditadura, que resultaram em mais de 90 mortos e levaram à demissão do Governo do Partido Democrata. Na sequência da queda do Governo, Yingluck Shinawatra ganhou as eleições e subiu ao poder, onde permanece até hoje.