Mil professores manifestam-se no Porto contra prova de avaliação

Docentes apelaram ao boicote. Manifestantes caminharam para a Baixa sem aviso e PSP teve de condicionar trânsito.

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Os professores voltaram a sair à rua Paulo Pimenta
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A iniciativa espontânea, registada no final dos discursos junto à reitoria – único local para onde a concentração estava planeada –, apanhou de surpresa a PSP, que, com um pequeno dispositivo de oito elementos, teve de condicionar o trânsito entre os Clérigos e a Praça da Liberdade. “Foi espontâneo. Pensávamos que a acção já tinha acabado, eis quando começaram a caminhar para a Baixa. São cerca de mil”, disse ao PÚBLICO o chefe da PSP, A. Soares.

Os manifestantes, que empunhavam lenços brancos no ar, bandeiras e gritavam pela demissão do Governo, iniciaram a caminhada pelas 13h, duas horas depois de se terem concentrado na reitoria. Detiveram-se depois próximo do edifício da Câmara do Porto, onde permaneceram cerca de uma hora numa espécie de assembleia popular improvisada de apelo ao “boicote” generalizado à realização da prova.

Nesse âmbito, os professores apelaram à ida em massa à Assembleia da República a 5 de Dezembro, dia em que a prova de avaliação de professores vai ser discutida no Parlamento.

“Temos de garantir o boicote”
“Temos de garantir o boicote. Estamos aqui hoje para que não nos roubem as habilitações”, dizia um dos manifestantes, gritando por um megafone. “Não à prova” e “Não é exame, é vexame” eram também algumas das frases que titulavam os cartazes empunhados. A praça junto à reitoria chegou a encher com mais de 500 manifestantes, mas depois, durante a caminhada até aos Aliados, o número de professores duplicou para os mil, segundo a PSP.

“Estamos todos contra a prova. É absurda e discriminatória. Hoje é dia de dizermos todos não à prova. Que querem, afinal, avaliar? As nossas licenciaturas, especializações, mestrados, pós-graduações e doutoramentos? O Ministério da Educação e da Ciência (MEC) só tem achincalhado a classe docente ano após ano”, referiu o presidente da Associação Nacional dos Professores Contratados (ANPC), César Paulo, durante o seu discurso ainda em frente à reitoria.

Já o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, sublinhou que “a prova não prova nada” e garantiu que o objectivo daquela estrutura é “retirar a prova do estatuto académico docente”. “Somos persistentes. Não desistimos. Não somos dispensáveis. Pode demorar o tempo que demorar, mas o objectivo final é esse. Os professores têm de ser valorizados. A educação e os professores são a garantia de futuro de Portugal”, disse o dirigente em direcção à vasta mancha de manifestantes que enchia a Praça Gomes Teixeira. “Boicote, boicote!”, exortavam em troca os manifestantes.

“O ministério não tem o direito de humilhar os professores. Vamos lutar contra esta prova”, referiu ainda a presidente da UGT e do SPZN, Lucinda Dâmaso. De tarde, os professores manifestam-se também em Viana do Castelo.

Primeira parte da prova realiza-se a 18 de Dezembro
O MEC prolongou recentemente até 2 de Dezembro o prazo de inscrição na prova de avaliação de conhecimentos e capacidades, obrigatória para os docentes não integrados na carreira docente que queiram candidatar-se a dar aulas no próximo ano lectivo.

O ministério alargou ainda o número de locais onde a prova pode ser feita, permitindo que os docentes que estão fora do país possam realizar a prova no estrangeiro. A prova destina-se aos professores do ensino básico e secundário e a primeira parte da prova realiza-se a 18 de Dezembro.

Segundo o MEC, até quinta-feira passada inscreveram-se cerca de 37 mil professores — no total serão cerca de 45 mil os professores contratados que terão de fazer esta prova, caso queiram candidatar-se a dar aulas no próximo ano lectivo.
 
 
 

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