Com desculpa para destoar, preferimos largamente a espontaneidade, a graça e a modéstia dos primeiros filmes de Kechiche, como A Esquiva. Em vários sentidos, era um filme “em plano geral”, quer pela maneira de trabalhar a sua integração num meio social preciso, quer pela forma de conduzir a liberdade do olhar do espectador. A Vida de Adèle é uma grande máquina “em grande plano”, e exactamente nos termos opostos: as actrizes são óptimas mas o olhar sobre elas é de um calculismo extremo, até intimidatório na sua estranha mescla de sensacionalismo e chantagem “politicamente correcta”. Não é um mau filme, e faz com eficácia o que se propõe fazer. É o seu problema: não tem fresta por onde passe o ar, e o seu humanismo (as suas personagens), uma vez apreendido o percurso, parece coisa de autómatos pré-programados.
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