Manifestantes bloqueiam Governo da Tailândia

Acusando o executivo de ser manobrado pelo ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, oposição ocupou vários ministérios para exigir a demissão do Governo.

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Após semanas de mobilização quase diária, os protestos subiram de tom Damir Sagolj/Reuters

A crise, a mais grave desde as manifestações que em 2010 culminaram na morte de 90 pessoas em Banguecoque, volta a mostrar a profunda cisão que subsiste na política tailandesa: de um lado, os apoiantes de Thaksin, com uma imensa popularidade entre os camponeses e a população mais pobre do Norte do país; do outro, as elites da capital, que vêem no magnata uma fonte de corrupção e uma ameaça à monarquia. Desta vez, a ira da oposição foi desencadeada por uma lei de amnistia que dizem ter sido elaborada com o único propósito de permitir ao ex-primeiro-ministro regressar à Tailândia sem ter de cumprir os dois anos de prisão a que foi condenado por corrupção.

Após semanas de mobilização quase diária, os protestos subiram de tom na segunda-feira, quando milhares de manifestantes invadiram os Ministérios das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. A AFP adianta que, durante a noite, os opositores abandonaram a sede da diplomacia tailandesa, mas o edifício das Finanças permanece ocupado sob a liderança de Suthep Thaugsuban, dirigente do Partido Democrata, contra quem foi entretanto emitido um mandado de captura.

“A multidão quer destruir Thaksin. A democracia está corrompida e acabada”, disse à agência francesa um dos ocupantes do ministério. Já nesta terça-feira, os manifestantes cercaram vários outros edifícios governamentais, incluindo os Ministérios do Turismo, Agricultura e Interior. “Deram ordens a todos os funcionários para que abandonassem os seus postos e disseram-nos que iram cortar a água e a electricidade”, disse à AFP o ministro do Turismo e Desporto, Somsak Pureesrisak.

A BBC adianta que, numa tentativa para resolver a situação, a primeira-ministra decretou a extensão a toda a capital de uma lei especial que autoriza as forças de segurança a proibir manifestações e a decretar o recolher obrigatório, mas assegurou que não pretende dispersar os manifestantes à força. “Toda a gente deve obedecer à lei e não usar a força das ruas para eclipsar o Estado de direito”, afirmou Yingluck Shinawatra. A oposição não desarma e promete para amanhã um dia de “grande mobilização”, com a extensão dos protestos a todo o país e paralisação do máximo de edifícios governamentais.

Em simultâneo com os protestos, o Parlamento debate, rodeado de fortes medidas de segurança, uma moção de censura ao Governo que foi apresentada pelo Partido Democrata. O diploma deverá ser rejeitado, uma vez que o partido dos Shinawatra, o Puea Thai, dispõe de uma confortável maioria.
 

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