Falta de cinco mil GNR nos quadros coloca militares em perigo nas operações, acusa ASPIG

Associação sócio-profissional diz que os militares têm falta de apoio nas patrulhas.

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Patrulhas deviam ter mais apoio, defende associação profissional Fernando Veludo

A morte de um militar da GNR na noite de sábado, durante uma operação num restaurante no Pinhal Novo, levou o presidente da ASPIG, José Alho, neste domingo, a chamar a atenção para a situação em que trabalham muitos militares.

“Quem padece são sempre os patrulheiros da guarda. São sempre os mal-amados e são sempre os que morrem, porque são os que vão ao primeiro contacto. Quando há alteração à ordem pública, não têm apoio porque há falta de efectivos na actividade operacional, que é qualquer coisa do outro mundo”, criticou José Alho, depois de prestar condolências à família do militar assassinado.

O militar da GNR foi um dos primeiros a chegar ao restaurante, onde um homem esteve barricado cerca de sete horas, tendo feito outros seis feridos, dos quais quatro também são GNR.

José Alho lembrou que o quadro orgânico da GNR definia a necessidade de cerca de 28 mil efectivos, mas na realidade a GNR tem, neste momento, menos de 23 mil.

Além disso, os militares têm hoje "muito mais tarefas atribuídas" do que estava previsto quando foi legislado o quadro orgânico: “Passámos, por exemplo, a ter o Programa Escola Segura, os programas para idosos e as missões internacionais, entre outras competências”, exemplificou.

Menos efectivos e mais funções
Com menos efectivos e mais funções, alguns concelhos deixaram de ter pessoal para fazer as patrulhas. José Alho diz mesmo que, no interior, existem casos em que uma patrulha, com apenas dois homens, fica destacada para dois concelhos.

Sem apoios, estes homens que são os primeiros a chegar ao terreno e acabam por ser os mais vulneráveis.

“Todos os dias temos militares a serem agredidos. Todos os dias temos detenções de pessoas por agredirem os militares”, lamentou, considerando que o ocorrido sábado à noite mostra que "a profissão de ser militar da Guarda é uma profissão difícil e não pode ser comparada à Função Pública”.

Para José Alho, a falta de controlo das fronteiras facilita a entrada de criminosos no país e, por isso, defendeu ainda que “a Brigada Fiscal deve ser reactivada e deve ser accionado o controlo de fronteiras terrestres” para “controlar as entradas de indivíduos com cadastro”.

“Há problemas que temos no nosso país por causa de indivíduos que não são controlados. O Governo tem a possibilidade de urgentemente legislar sobre esta matéria”, defendeu.

José Alho garante que, apesar de as autoridades expulsarem pessoas por praticarem crimes, "eles entram novamente no país”.

O homem, de origem estrangeira, que esteve barricado cerca de sete horas num restaurante no Pinhal Novo matou um militar da GNR e feriu seis pessoas, tendo sido morto numa operação tático-policial pouco depois das 5h deste domingo.