Fundador do Fapas lança livro sobre a águia-real no Gerês

Obra sobrevoa quase três décadas de anos de trabalho de Miguel Dantas da Gama no acompanhamento do último casal desta ave de rapina de grande envergadura.

Miguel DAntas da Gama observa as águias da Peneda-Gerês desde 1986
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Miguel Dantas da Gama observa as águias da Peneda-Gerês desde 1986 Adriano Miranda
O ambientalista tentou registar as centenas de observações. É dele esta imagem da última águia, solitária, já, que acompanhou.
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O ambientalista tentou registar as centenas de observações. É dele esta imagem da última águia, solitária, já, que acompanhou Miguel Dantas da Gama

Foi nos primeiros anos do caminho, iniciado em 1986, que o ambientalista Miguel Dantas da Gama decidiu que haveria de fazer um livro com as suas idas, quase semanais, à Peneda-Gerês, para observar as últimas águias-reais que nidificavam no nosso único parque nacional. Cerca de 27 anos depois, e passados quatro anos após o desaparecimento do último elemento do casal que acompanhou, o fundador do Fapas – Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens lança a obra Uma Longa Caminhada com as Águias-Reais da Peneda-Gerês.

Não é o livro de um cientista. E nem o autor, um engenheiro electrotécnico que, fora do emprego, dedicou uma parte considerável do seu tempo a percorrer caminhos de cabras pelas várias serras do parque, pretendeu que o fosse. Em todo o caso, ao partilhar notas de campo, fotografias, estatísticas sobre distribuição de ninhos por todo o PNPG e sobre observações – suas e de outras pessoas, em Portugal e também no parque vizinho do Xurés, na Galiza –, Miguel Dantas da Gama produziu um contributo importante para o conhecimento da ecologia do último casal de águias-reais, que ficou reduzido a uma fêmea em 2003. Fêmea de envergadura imponente, que deixou de vigiar a presença deste observador em 2009.

Esta obra de 250 páginas, editada pela Fapas e pela Canhões de Pedra, faz parte de uma triologia de maior folêgo, e segue-se ao livro de Miguel Dantas da Gama Árvores do Parque Nacional da Peneda-Gerês, de 2011. Fruto, também ele, das mais de mil caminhadas feitas, ao longo de quase quatro décadas, para observar a Aquila chrysatos. Todo este trabalho de acompanhamento, do qual resultaram nove volumes de anotações, dará origem, a seguir, a uma obra geral sobre o parque, sobre as paisagens, caminhos e descaminhos deste território que Miguel Dantas da Gama conhece como poucos, actualmente, no país. 
 
 
 

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